Diálogos de um desastre: discursos e lógicas de poder no processo de reparação dos danos gerados pelo rompimento da barragem da Samarco
Resumen
O desastre tecnológico gerado pelo rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro da Samarco, em 05 de novembro de 2015, trouxe a debate problemáticas diversas as quais a sociedade contemporânea vivencia diariamente, como por exemplo a intensificação da produção social de riscos atrelada aos processos produtivos tecnológicos e industriais, bem como a incapacidade dos atores estatais em prevenir tais ocorrências e gerir o caos quando este surge de forma inesperada. Cada vez mais comuns, os desastres são fenômenos com origem no próprio sistema social e que são também produtores de rupturas no funcionamento social. O caso em análise desencadeou uma série de danos ambientais, sociais, econômicos e políticos, envolvendo uma multiplicidade de atores – comunidades atingidas, empresas responsáveis, órgãos governamentais e outras instituições não governamentais, civis, acadêmicas, etc. – em busca do tratamento dos problemas gerados. Tal cenário configura-se como uma complexa rede sustentada por relações sociais assimétricas em recursos materiais e simbólicos, que refletem uma luta hegemônica no campo social em torno da legitimação de discursos, na qual cada ator se esforça para que o seu discurso alcance o lugar do “consenso” entre as partes. Nesse contexto, este estudo pretende problematizar as lógicas de poder e as narrativas discursivas desse campo de forças – formado por múltiplos agentes e interpretações – que se estabelecem nos processos de reparação e reconstrução dos danos gerados pelo rompimento da barragem de Fundão (MG).Descargas
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Citas
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