Histórias ao redor da sepultura: um ato de memória nas narrativas sobre a vida e morte da cigana Adélia Kostichi

Autores

  • Barbara Thompson PGCS-UFES

Resumo

O objeto de estudo remete à construções imagéticas sobre quem foi, e ainda é, uma falecida, e um dos eixos norteadores é a existência de sua sepultura, que sustenta e é sustentado por essas tais imagens. Consta na lápide que ela foi cigana. Assim, inicia-se um caminhar por uma estrada de possibilidades para vislumbrar as faces dessa instigante mulher. Tem-se como partida uma das narrativas centrais sobre a imagem e atuação desta falecida Cigana no presente. O nome dela é Adélia Gomes Kostichi, faleceu em 1955, seu túmulo localiza-se no cemitério de Santo Antônio em Vitória- ES. É conhecida por realizar graças, e quem a procura com fé terá seu pedido atendido. Em seu túmulo seus devotos ofertam: velas, rosas vermelhas, cigarros, champanhe, bijuterias, entre outros. No pensamento daqueles que rodeiam a sepultura surgem indagações sobre o passado: quem foi esta Cigana? Como morreu? Como viveu? Assim, o objetivo é analisar a elaboração da exo-identidade e da memória da Cigana Adélia a partir da conjunção de histórias/imagens sobre seu passado (sua morte e vida) e seu presente, e estas histórias são proferidas pelos frequentadores de sua sepultura. A metodologia de pesquisa é a Etnografia com ênfase em história oral, sendo a entrevista o elemento central. Ademais, evidencia-se as narrativas de 14 entrevistados. Ressalta-se que este artigo corresponde a uma síntese de parcela dos resultados obtidos a partir de minha dissertação. Em suma, conclui-se que os fios condutores que regem as inúmeras narrativas sobre a Cigana tratam-se das ideias de dramaticidade, dor, tragédia, magia, mistério, bondade e caridade. Adélia é múltipla humana e divina, àquela que transita entre vivos e mortos, e é apresentada como híbrido contínuo.

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Publicado

04-12-2017

Edição

Seção

Estudos socioambientais, culturas e identidades