CARACTERIZAÇÃO DA ASSEMBLEIA DE PEIXES RECIFAIS DO LITORAL SUL DO ESPÍRITO SANTO, BRASIL

Autores

  • Guilherme Loyola da Cruz Universidade Federal do Espírito Santo – UFES
  • Hudson Tércio Pinheiro California Academy of Sciences
  • Julia Marx de Souza Universidade Federal do Espírito Santo – UFES
  • Jean-Christophe Joyeux Universidade Federal do Espírito Santo – UFES

Resumo

Os ambientes recifais do estado do Espírito Santo estão localizados em uma região de transição, formada por recifes biogênicos ao norte e recifes rochosos ao sul. Essa característica, associada a questões biogeográficas, confere à região uma rica biodiversidade de peixes recifais. Esta diversidade carece de informações sobre suas assembleias e medidas de conservação por meio de áreas marinhas protegidas (AMP). Assim, a fim de caracterizar a comunidade de peixes recifais do litoral sul do Espírito Santo, bem como entender como essa se relaciona à natureza e complexidade do substrato e dos bentos associados a ele, foram realizados 251 censos visuais subaquáticos (20 x 2 m) e 42 transectos de fotoquadrats em cinco habitats (recifes biogênicos, recifes rochosos, rodolitos com algas, rodolitos com areia e rodolitos com invertebrados). Foram registrados 14614 indivíduos de 109 espécies de peixes pertencentes a 43 famílias. As cinco espécies mais abundantes foram Haemulon aurolineatum, Haemulon atlanticus, Harengula clupeola, Stegastes fuscus e Halichoeres poeyi, que juntos representaram cerca de 46% dos indivíduos avistados. A média (± EP) do número de espécies, da abundância e da biomassa por censo foi, respectivamente: 7,73 (± 0,27) spp/40m², 58,22 (± 6,06) ind./40m² e 5,11 (± 0,88) kg/40m². Quanto a abundância das guildas tróficas, os comedores de invertebrados móveis representaram 58,42% (38 espécies) dos peixes amostrados, seguidos por planctívoros, 12,72% (11 espécies), herbívoros itinerantes, 12,15% (10 espécies), herbívoros territoriais, 8,35% (quatro espécies), carnívoros, 3,18% (18 espécies), onívoros, 3,05% (15 espécies), comedores de invertebrados sésseis, 1,23% (sete espécies) e piscívoros, 0,88% (seis espécies). A estrutura trófica da comunidade difere (Pseudo-F = 9,188; P-permanova < 0,001) entre os habitats analisados. Entre os três níveis de complexidade do substrato (baixa, média e alta), a abundância, biomassa e riqueza foram significativamente maiores (Kruskal-Wallis, p-valor < 0,0001) nos ambientes de maior complexidade, confirmando um padrão comumente encontrado nos recifes. A composição dos bentos também influencia a assembleia de peixes recifais, sendo que os herbívoros territoriais e itinerantes tiveram suas biomassas e abundâncias positivamente relacionadas à presença de algas e negativamente à presença de substrato inconsolidado. Dessa forma, evidencia-se a necessidade da utilização de dados ecológicos na gestão e proteção dos ambientes recifais do Espírito Santo, visto que esses são ocupados e utilizados de formas diferentes pela biodiversidade marinha.

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Publicado

14-02-2022