LEVANTAMENTO FLORÍSTICO E FITOSSOCIOLÓGICO DA VEGETAÇÃO HERBÁCEA DE UM REMANESCENTE DE MATA ATLÂNTICA NA RESERVA BIOLÓGICA DE CÓRREGO GRANDE, ES, BRASIL
Résumé
A Mata Atlântica compreende um mosaico de formações vegetais que originalmente recobriam total ou parcialmente 17 estados brasileiros, porém vem sendo descaracterizada por ações antrópicas, restando cerca de 12,4% de sua cobertura original. Estudos que ampliem o conhecimento sobre a composição e estrutura da flora nessas formações são importantes para o entendimento da dinâmica e conservação do bioma. Entretanto, o componente arbóreo tem sido mais valorizado em relação a outros estratos das formações vegetais da Mata Atlântica. Nesse sentido, o presente estudo objetivou realizar o levantamento florístico e fitossociológico do componente herbáceo de um remanescente de floresta de tabuleiro situado na Reserva Biológica de Córrego Grande, município de Conceição da Barra, norte do Espírito Santo. Para tal, foram estabelecidas por meio de sorteio 30 parcelas distribuídas em 120 m2. Os registros somam 133 táxons, distribuídos em 38 famílias botânicas e 76 gêneros, onde as famílias de maior riqueza foram Poaceae (10 spp.) e Marantaceae (9 spp.). No levantamento estrutural, as espécies amostradas com maior valor de cobertura foram Goeppertia Nees e Ctenanthe glabra (Körn.) Eichler, com 92% e 32,2%, respectivamente. Este resultado é reflexo da elevada frequência destes táxons nas parcelas (N = 19 e 7, respectivamente) e por razão dos mesmos apresentarem folhas largas, o que contribui para o aumento de sua cobertura. Para quantificar a diversidade e a uniformidade da vegetação amostrada, foram realizados os cálculos do índice de diversidade de Shannon (H’) a partir dos valores de dominância relativa e, por conseguinte, calculados os valores do índice de Pielou (J’) – o primeiro se baseia na riqueza de espécies para atestar a diversidade de determinada comunidade, sem se utilizar de um intervalo de valores, enquanto o segundo emprega um intervalo de zero a um para representar a uniformidade das espécies distribuídas, onde quanto mais próximo de um for o valor, mais uniforme é a comunidade. Diante do exposto, foi verificado que ambos foram menores (H’ = 1,681 e J’ = 0,808) quando comparados a outros estudos feitos com herbáceas, porém isto pode ser explicado pelos critérios utilizados para a amostragem das espécies, uma vez que este estudo considerou apenas plantas não lenhosas terrestres, excluindo outros componentes do sub-bosque. Os resultados obtidos por este trabalho vêm contribuir para o conhecimento da flora da vegetação herbácea na mata atlântica no norte do Espírito Santo e também evidenciar a necessidade de mais estudos envolvendo este grupo de plantas.