O USO DE RECURSOS AUDIOVISUAIS NO ENSINO DA EVOLUÇÃO BIOLÓGICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA: UMA REVISÃO NAS ATAS DO ENPEC DE 2011 A 2019

Abstract

Este trabalho é um recorte de uma pesquisa mais ampla que buscou analisar como tem sido trabalhado o ensino de evolução biológica na educação básica, no que tange às estratégias didáticas e recursos de ensino utilizados. A motivação se deve a importância do aprendizado do conteúdo de evolução, considerado eixo integrador da Biologia, e às dificuldades apontadas por docentes e discentes quanto à complexidade e a abstração do tema. Assim sendo, foi realizada uma pesquisa qualitativa e do tipo revisão de literatura, em que foi consultada a produção ao longo da última década (2011-2019) das atas do Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC), importante evento nacional do campo da educação científica, organizado pela Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências (ABRAPEC). Dos 92 trabalhos encontrados, 11 foram selecionados por descreverem ações de ensino de evolução na educação básica. Aqui discutimos o uso de ferramentas audiovisuais, pois foram alguns dos principais recursos empregados nas pesquisas analisadas. Por meio da Análise de Conteúdo de Bardin notou-se que seis textos envolveram recursos audiovisuais – como filmes, documentários, imagens e simulações virtuais, sendo filmes e documentários os mais utilizados, o que pode ser, em parte, um reflexo do incentivo legal ao uso de filmes nas escolas (Lei nº 13.006/2014), como também a facilidade de acesso a essas ferramentas e a popularidade em meio aos estudantes. A utilização de ferramentas audiovisuais aumentou a mobilização e participação dos alunos em comparação com as aulas puramente expositivas. Esses recursos mobilizaram debates que contribuíram para uma ampliação do vocabulário, permitindo que os estudantes estabelecessem conexões entre os conceitos evolutivos, favorecendo a compreensão da teoria. Também se percebeu maior facilidade de correlacionar a evolução com outros tópicos abordados nas aulas de Biologia, como epidemias. Os textos também evidenciaram desafios enfrentados no trabalho com audiovisuais, como a falta de engajamento por parte de alguns estudantes, a pouca valorização do trabalho e o curto espaço de tempo para aplicação das atividades. Esses resultados ratificam que recursos didáticos variados podem favorecer o engajamento do estudante, facilitando a compreensão de temáticas abstratas, como a evolução biológica. Contudo, é preciso destacar a importância da mediação docente na condução das ações, pois as potencialidades de quaisquer recursos de ensino estão condicionadas ao modo como são utilizados no trabalho de sala de aula.