DESCRIÇÃO ANATÔMICA DAS VÉRTEBRAS TORÁCICAS DE Caiman latirostris (DAUDIN, 1802) (CROCODYLIA: CAIMANINAE)
Resumo
A espécie Caiman latirostris é popularmente conhecida como jacaré-de-papo-amarelo e possui ampla distribuição geográfica no continente sul-americano, encontrada no Brasil, Argentina, Bolívia, Uruguai e Paraguai. A maior área de abrangência está na Mata Atlântica brasileira. Dados anatômicos sobre a espécie são escassos, tanto para populações naturais, como em cativeiro. Esses dados são importantes para um maior conhecimento sobre a osteologia de C. latirostris. Para este trabalho foi utilizado um jacaré de 2,26 metros de comprimento total encontrado em estado de autólise inicial, em Jardim Camburi, Vitória – ES. A biometria foi feita pela região ventral e a medida tomada por fita de fibra de vidro com 50 metros de comprimento total e graduação de 1 mm. O animal foi descarnado e colocado em uma bacia de capacidade total de 70L, onde foi fervido por 9 horas, em duas sessões: a primeira com 5 horas de duração e a segunda, 24 horas após a primeira, com 4 horas. Após esse processo, os ossos foram triados e escovados com detergente para retirada dos restos de tecido e gordura aderidos. As vértebras torácicas compreendem um conjunto de 13 ossos. A torácica 1 se assemelha bastante com a última vértebra cervical, tanto em altura, quanto em largura, e de forma geral também com relação ao tamanho de seus processos. As vértebras torácicas mais caudais sofrem uma redução em sua altura, diferente do que é observado na sequência cervical, mas similar as caudais. Da torácica 1 até a torácica 5 ocorre a regressão da hipapófise até o seu completo desaparecimento. Na vértebra torácica 3, a parapófise é formada tanto pelo corpo vertebral como pelo arco neural, se assemelhando às primeiras cervicais. Da torácica 4 até as pré-sacrais percebe-se uma retomada do formato laminar do espinho neural, também presente nas primeira cervicais. Na vértebra torácica 4 é facilmente perceptível a presença de duas superfícies articulares para as costelas: as áreas tubercular e capitular. Essas superfícies são muito bem marcadas até a torácica 12. A linha de sincondrose entre o corpo vertebral e o arco neural fica muito evidente a partir da décima torácica, comprovando o sentido de fusionamento caudal- cranial das vértebras. Comparando este indivíduo a um espécime de Melanosuchus niger, foi possível perceber algumas diferenças anatômicas básicas, como o número de pares de costelas reduzidas de 13 para 11. Trabalhos futuros permitirão análises mais completas do esqueleto axial da espécie.
Palavras-chave: Osteologia. Esqueleto axial. Jacaré-de-papo-amarelo.