OS PROCESSOS DE MEDICALIZAÇÃO NA INFÂNCIA

Resumen

OS PROCESSOS DE MEDICALIZAÇÃO NA INFÂNCIA 

NEVES, Vagner Rangel1 

Resumo 

O presente estudo tem como objetivo analisar criticamente os processos de medicalização na infância, compreendendo como a transformação de comportamentos e dificuldades de aprendizagem em diagnósticos médicos interfere nas práticas pedagógicas e na construção da identidade infantil. A pesquisa parte da constatação de que, nas últimas décadas, tem aumentado o número de crianças diagnosticadas com transtornos de aprendizagem e comportamentais, frequentemente tratados por meio de medicamentos, o que evidencia uma tendência de patologização de questões educativas, sociais e emocionais. A justificativa para este estudo se baseia na necessidade de discutir os limites e implicações dessa prática, que muitas vezes desloca a atenção das condições estruturais da escola, das relações pedagógicas e do contexto sociocultural dos estudantes, transferindo para o campo biomédico a responsabilidade por problemas que são, em essência, de ordem educacional. A metodologia adotada é de natureza qualitativa, com base em revisão bibliográfica de autores que discutem a interface entre educação, saúde e psicologia, analisando produções acadêmicas que abordam a medicalização e suas repercussões na infância. A análise evidencia que a medicalização se apresenta como um fenômeno complexo, que tende a naturalizar desigualdades e a reduzir a infância a um conjunto de sintomas, enfraquecendo o papel da escola como espaço de acolhimento e desenvolvimento integral. Observa-se que a formação docente e as práticas pedagógicas ainda carecem de instrumentos críticos para lidar com a diversidade de modos de ser e aprender, o que contribui para a busca de soluções rápidas e farmacológicas. Conclui-se que enfrentar a medicalização na infância requer uma abordagem interdisciplinar e crítica, que valorize a escuta sensível, a singularidade das crianças e o fortalecimento da escola como espaço de diálogo, reflexão e inclusão, substituindo o olhar patologizante por uma perspectiva pedagógica e humanizadora do processo educativo. 

Palavras-chave: Medicalização. Infância. Educação. Inclusão. Formação docente.