OS MUROS MANTÊM AQUILO QUE VOCÊ QUER FORA MESMO, É SUPER BURGUÊS: A PRODUÇÃO DA DIFERENCIAÇÃO SOCIOESPACIAL EM CIDADES NÃO METROPOLITANAS
Resumo
O cotidiano é nossa dimensão de análise, tendo as práticas espaciais dos sujeitos sociais pesquisados – moradores de espaços residenciais fechados de Catanduva e São José do Rio Preto - SP, enquanto plano analítico, o que nos permitiu identificar como o processo de diferenciação socioespacial se expressa na produção do espaço urbano, conferindo sentidos e significados às práticas, que envolvem relações contraditórias entre dentro e fora desses espaços de moradia. Sob o discurso da segurança, os sujeitos pesquisados, produzem estratégias de distinção socioespacial, nas quais o espaço urbano é estratégico; consideramos que os muros exercem tanto um papel de barreira material, quanto de limite simbólico, que influenciam nas práticas dos moradores e na elaboração das representações espaciais, apreendidas por meio das entrevistas, nosso principal instrumento metodológico. Ao valorizarem elementos internos desses espaços em suas narrativas, integrando um “novo estilo de vida”, no qual, a segurança e o controle estão entre os aspectos representados mais positivamente, o que se produz são diferentes estratégias de diferenciação socioespacial. As maneiras como esses sujeitos vivenciam o urbano e aquilo que lhe é inerente são modificadas, sendo a cidade cada vez mais vivida e representada em fragmentos por esses sujeitos sociais.
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