O CONDOMÍNIO DO CONFLITO

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Resumo

RESUMO: O presente artigo tem por finalidade expor os impactos decorrentes da construção de três condomínios produzidos no âmbito do Minha Casa Minha Vida (PMCMV). A metodologia do trabalho pautou-se em conversas informais, entrevistas semi-estruturada e fotografias, com intuito de  verificar as origens do problema e como ele foi se manifestando. Entretanto, tivemos como fio condutor também a percepção dos antigos moradores, pois eles são os atores que estão sendo afetados pelo empreendimento imobiliário e conferindo a estes atores uma centralidade no trabalho que, a saber são: os residentes da rua João Manoel de Faria, bairro do Jockey Club o qual localiza-se na cidade de Campos dos Goytacazes/RJ.

Palavras-chave: Condomínio, Impactos, Moradores.


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Biografia do Autor

Fábio Gustavo Pontes Martins, Universidade Federal Fluminense - UFF.

Graduado em Geografia pelo Instituto Federal Fluminense. Pós-graduado em Ensino de Geografia pelo Instituto Federal Fluminense e Mestre em Geografia pela Universidade Federal Fluminense.

MARCELO WERNER DA SILVA, Universidade Federal Fluminense

Graduado em Geografia pela Universidade Federal do Paraná, Especialização em "Urbanismo, Ciudad, Historia, pela Universidade Politecnica da Cataluña, Mestrado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Doutorado em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

Referências

[...] em espaços abandonados ou subutilizados localizados dentro da malha urbana, consolidada em uma área caracterizada por grande diversidade de espaços edificados, que podem ser zonas industriais subutilizadas, armazéns e depósitos industriais desocupados, edifícios centrais abandonados ou corredores e pátios ferroviários desativados (BRASIL, 2008, p. 142).
Nos enclaves, o objetivo é segregar e mudar o caráter da vida pública, transferindo atividades antes realizadas em espaços públicos heterogêneos para espaços privados que foram construídos como ambientes socialmente homogêneos, e destruindo o potencial das ruas de fornecer espaços para interações anônimas e tolerantes (CALDEIRA, 2000, p. 313).
A cidade contemporânea revela estas contradições na medida em que é produzida pela funcionalização dos lugares da vida, que os autonomiza, tendo também seu uso limitado por ela. Uma conquista da modernidade foi fragmentar a vida cotidiana, separando-a em espaços-tempos bem definidos e recortados, com funções específicas que apontam a condição objetiva do ser humano cindido e envolto no individualismo, preso ao mundo da mercadoria. O estágio atual da economia potencializa a cidade enquanto concentração da riqueza, poder, da riqueza mobiliária à imobiliária, permitindo a generalização do mundo da mercadoria que torna o uso do espaço da cidade cada vez mais dominado pelo valor de troca, no movimento que metamorfoseia o cidadão em consumidor. A produção a cidade comandada pelo econômico elimina aos poucos o sentido da cidade como obra, espaços de criação e gozo (CARLOS, 2015, p.134).
A vivência em condomínios fechados horizontais configura uma organização do espaço urbano que reproduz o comportamento social existente nos dias de hoje, cuja característica mais proeminente é a do processo de individualização do ser humano. Este fenômeno faz parte do desenvolvimento urbano de uma sociedade capitalista (KÖRBES, 2008, p.32).
Nesse contexto, o próprio espaço assume a condição de mercadoria como todos os produtos dessa sociedade. A produção do espaço se insere, assim, na lógica da produção capitalista que transforma todo o produto dessa produção em mercadoria. A lógica do capital fez com que todo o uso (acesso necessário à realização da vida) fosse redefinido pelo de troca e, com isso, o passasse a determinar os contornos e sentidos da apropriação do espaço, pelos membros da sociedade (CARLOS, 2015, p. 64).
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Publicado

05-12-2019

Edição

Seção

GT-7: Produção do espaço urbano numa perspectiva crítica