SOCIEDADE CIVIL E MOBILIZAÇÕES SOCIAIS NO CONTEXTO DO DESASTRE SOCIOAMBIENTAL NO RIO DOCE
Résumé
O artigo investiga as mudanças na ação coletiva no contexto do desastre socioambiental no rio Doce, provocado pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Brasil, das mineradoras Samarco-Vale-BHP Billiton. Marcado por interações conflitivas entre sociedade civil, Estado e mercado, as mudanças organizacionais na ação coletiva são verificadas em dois aspectos: 1) na emergência de novos ativismos ao longo do tempo, no incremento do associativismo civil, e na criação de novas organizações; 2) em repertórios de confronto caracterizados pela combinação entre ação extranstitucional (protestos públicos), ação institucional (instituições participativas e ação judicial) e tática multiescalar (nacionalização e internacionalização da causa). Argumenta que as transformações na ação coletiva se vinculam às oportunidades e restrições políticas da conjuntura crítica do desastre, que favorecem a emergência de formas de mobilização e de ativismos na sociedade civil. Mas não somente. Os movimentos sociais e organizações preexistentes desempenharam papel fundamental no surgimento das mobilizações de atingidos, funcionando como incubadoras para o movimento social contencioso ao agir sobre sua formação organizacional e identitária.
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