Emoção e Polarização nas e pelas Redes Digitais: a gestão de repertórios afetivos por públicos em rede

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25067/s.v2i23.24056

Resumo

A questão central colocada pela pesquisa diz respeito à natureza de actantes e agências possíveis no universo de redes digitais. Tomamos como ponto de partida a observação dos sentidos que eventos políticos significativos podem suscitar em contextos digitais. Por meio do rastreamento dos chamados Entes Virtuais, mais especificamente as hashtags  e as Mídias Nativas por elas indexadas, é possível compreender as formas que eventos e emoções podem tomar quando homem e tecnologia digital se misturam. Elementos de uma pesquisa etnográfica realizada em torno das representações que o assassinato da vereadora Marielle Franco suscitou nas Redes Sociais Digitais, servem de ilustração para a uma abordagem reflexiva de processos de transubstanciação e/ou avatarização e da emergência de agentes mais que humanos.

Palavras-Chave: Redes sociais digitais, Repertórios afetivos, Polarização, Duplicidade.

Emotion and Polarization in and by Digital Networks: the management of affective repertoires by networked audiences

ABSTRACT

Our aim in this article is to reflect, in a speculative perspective, the relationship between Affective Repertoires and Political Polarization / Duplicity in interactions on and over the Internet. Therefore, we seek to establish a dialogue with authors who discuss the phenomena in question. The hypothesis that guides our discussion is that, with the supposed existence of a cultural environment in the recent Brazilian historical context, there is favorable in the production of new ones and the reinforcement of old forms of polarization in audiences that connect in and through Digital Social Networks . This process would unfold from conflicting modes of management of different Affective Repertoires between two large groups of actors: one more ideologically aligned with the Right's discourse and the other in tune with the Left's. In the path we followed, initially, we talked about the possibilities of research around emotions in digital environments. In the sequence, we raised theoretical elements for the understanding of the possibilities of Connective Action in the management of Affective Repertoires by Network Audiences in the universe of Digital Platforms, as well as the indicators of Internet Political Polarization, especially in Brazil.

Keywords: Social networks, Affective repertoires, Polarization, Duplicity.

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Biografia do Autor

Patrícia P. Pavesi, Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

Doutora em Antropologia pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal Fluminense (2014), mestre em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (2003),graduada em Filosofia pela Universidade Federal do Espírito Santo (1997). Atualmente é Professor (a) Adjunto (a) do Departamento de Ciências Sociais da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais/UFES e integrante do Grupo de Estudos do Consumo (dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/9228775430926721) e do Grupo Interinstitucional de Estudos de Cibercultura (dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/9324202310602077). Coordenadora do Laboratório de Estudos de Identidades e Tecnociência (LEIDETEC/UFES).Tem experiência na área de Antropologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Antropologia do Consumo e do Ciberespaço. Coordenadora Adjunta do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Espírito Santo.

Julio Valentim, UFRJ

possui graduação em Jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (1999) e mestrado em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2002) - linha de pesquisa Sistemas de Pensamento. Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Cibercultura e Comunicação Móvel, atuando principalmente nos seguintes temas: smart mobs, sociologia da mobilidade, movimentos sociais, mobilizações sociopolíticas (protestos e campanhas eleitorais), ativismo, ciberativismo, multidão, tecnologias digitais móveis (computação portátil, telefonia celular e conexões sem-fio), cibercultura e cibercidade.

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Publicado

18-03-2020

Edição

Seção

DOSSIÊ