Bolhas urbanas: política habitacional e negação do direito à cidadania
Resumo
A produção de condomínios populares fechados sinaliza para a conformação de arranjos institucionais em que os papéis dos agentes de produção e consumo do espaço urbano parecem confirmar a reprodução das desigualdades sócio-espaciais na esteira das novas estratégias de acumulação capitalista. Embora naturalizado à luz da reprodução mimética do estilo burguês de morar, na forma urbana denominada condomínio popular fechado, as contradições se manifestam tanto na forma de uso e ocupação do solo quanto na precariedade das edificações e na imposição de um novo modo de vida às camadas populares. Pontualmente, neste trabalho, buscaremos através de abordagens relacionadas a implementação do Programa de Arrendamento Residencial - PAR, destacar o papel do Estado corporativo na produção de espaços cuja configuração física e correspondente dinâmica social, expressam e reafirmam territorialidades marcadas pela reprodução das desigualdades e contrastes sócio-espaciais. Intra-muros, na contramão da retórica do discurso da cidade para todos e para todas, no confinamento dos pobres nota-se efetivar a privatização de espaços públicos além da flagrante conformação de um novo padrão de segregação sócio-espacial urbano.