Desprendimento em Eckhart como positividade da Forma
DOI:
https://doi.org/10.47456/sofia.v5i2.14984Resumo
Este artigo analisa um aspecto contido num pequeno texto da última parte do volume 60 das obras completas de Heidegger (Fenomenologia da vida religiosa), chamado “Irracionalidade em Mestre Eckhart”. O elemento central da análise é “A imediaticidade da vivência religiosa, a vitalidade indomável da entrega ao sagrado, divino, não exclui de si a forma – nem a menção ao caráter genuíno de desempenho – mas nasce como culminação (Aufgipfelung) de determinada teoria do conhecimento e psicologia historicamente condicionadas”. Mostra-se que a experiência religiosa para Eckhart não vai na linha da ascese cristã, da renúncia da vida, mas, ao contrário, o conceito do Desprendimento (Abgeschiedenheit) pode ser visto num projeto de vida positivo de longo fôlego. O aspecto “negativo” da suspensão (epoché) na mística do teólogo turíngio ali é próprio da nomeação e desempenho da criatura, por ser limitada e dependente do ser de Deus. Todo desempenho e compreensão humana não consegue esgotar o ser do criador; todavia, nem por isso deve deixar de fazê-lo. Pelo contrário, deve tentar fazê-lo do modo o melhor possível. Há que se estruturar a vida e o mundo da maneira maximamente perfeita possível, mesmo sabendo, ou justo por saber que isso é “nada” frente à realidade suprema e absoluta. Significa que a experiência religiosa não exclui a forma e o desempenho, mas busca elevá-lo ao seu cume.Downloads
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