Possui o 'jovem Marx' uma teoria do reconhecimento?
DOI:
https://doi.org/10.47456/sofia.v10i2.35663Palavras-chave:
Normatividade. Reconhecimento. Liberdade. Crítica imanenteResumo
Trata-se de uma contestação de uma tese interpretativa segundo a qual o ‘jovem Marx’ teria herdado de Hegel um modelo normativo de crítica. A versão mais sofisticada dessa interpretação encontra-se nas críticas endereçadas por Honneth à suposta teoria do reconhecimento do ‘jovem Marx’. Busco não só desabilitar a crítica de ‘reducionismo economicista’ que Honneth imputa a Marx, mas mostrar que não há nenhuma sustentação de ‘critérios normativos de reconhecimento’ em Marx. Só poderia haver uma redução normativa do reconhecimento a demandas ‘econômicas’, se antes houvesse uma crítica normativa. O que ali se encontra é uma formulação não acabada da crítica da economia política. Afirmo que no ‘jovem Marx’ encontramos uma implícita crítica da possibilidade de elaboração de critérios normativos de reconhecimento. Para Marx, reconhecimento é o nome da aparência social objetiva que legitima práticas sociais historicamente específicas onde a propriedade privada é a relação social fundamental.
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