Catarismo e Memória Occitana: uma discussão conceitual

Autores

  • Philipe Rosa Lima Universidade Estadual de Campinas

DOI:

https://doi.org/10.23871/dimensoes-n42-19000

Resumo

O objetivo deste artigo é oferecer aportes conceituais que possibilitem uma análise construtiva da memória da repressão à heresia cátara no Languedoc medieval. O escopo temporal estará centrado na construção dessa memória a partir do século XIX até os dias de hoje, tendo a história do catarismo nos séculos XII e XIII como referencial. Para isso, discutiremos os conceitos de “história, memória, identidade e patrimônio”, apontando suas correlações e aplicabilidade. A memória dessa persecução construiu uma identidade cultural própria à região occitana, sendo constantemente reformulada ao longo dos séculos. Desde então, essa “memória” passou a coexistir com a História acadêmica, estabelecendo uma relação marcada ora pelo conflito, ora pelo diálogo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Philipe Rosa Lima, Universidade Estadual de Campinas

Graduação em História na Universidade de Brasília (2010). Mestrado em História na Universidade Federal Fluminense (2015). Doutorando em História na Universidade Estadual de Campinas sob a orientação da Dra. Néri de Barros Almeida, desenvolvendo a tese intitulada “Poderes eclesiásticos e seculares na repressão ao catarismo no Languedoc (1145-1229)”. Meus temas de interesse são a história medieval, a história da Igreja, as heresias medievais (especialmente o catarismo) e a Cruzada Albigense.

Referências

Referências Bibliográficas

Fontes
GUILHERME DE PUYLAURENS. Chronica Magistri Guillelmi de Podio Laurentii. Toulouse: Le Pérégrinateur, 1996 .
GUILHERME DE TUDELA E ANÔNIMO. La chanson de la croisade albigeoise (3 vol.). Paris: Les Belles Lettres, 1960-1973.
MANSI, Johannes Dominicus (Ed.). Sacrorum Conciliorum Nova et Amplissima Collectio (tomo XXI). Veneza: Zatta, 1776, col. 711-1188.
_______________________________. Sacrorum Conciliorum Nova et Amplissima Collectio (tomo XXII). Veneza: Zatta, 1778, col. 209-468.
PEDRO DE VAUX-DE-CERNAY. Histoire Albigeoise. Paris: Vrin, 1951.

Bibliografia Complementar
ASSMANN, Aleida. Europe: A Community of memory? Twentieth Annual Lecture of the GHI. GHI Washington Bulletin, n. 40, p. 11-25, 2007.
_________________. Transformations between History and Memory. Social Research. vol. 75, n. 1, p. 49-72, 2008.
AUSSAGUEL, François. L`histoire au service du territoire de projet : l`exemple du Pays Cathare. Treballs de la Societat Catalana de Geografia. N. 74, p. 199-218, 2012.
BIGET, Jean-Louis. Mytographie du catharisme (1870-1960). In : V.V.A.A. Cahiers de Fanjeaux. Historiographie du catharisme. n. 14. Toulouse : Privat, 1979, p. 271-342.
BILLER, Peter; HUDSON, Anne (Eds.). Heresy and Literacy, 1000-1530. Cambridge: Cambridge University Press, 1994.
CANDAU, Joel. Mémoire et Identité. Paris : Presses Universitaires de France, 1998.
CARBONELL, Charles-Olivier. Vulgarisation et Récupération : Le catharisme à travers les Mass-Média. In : V.V.A.A. Cahiers de Fanjeaux. Historiographie du catharisme. n. 14. Toulouse : Privat, 1979, p. 361-380.
DELARUELLE, Étienne. La critique de la guerre-sainte dans la litterature méridionale. In : V.V.A.A. Cahiers de Fanjeaux. Paix de Dieu et guerre sainte en Languedoc au XIII siècle. n. 4. Toulouse : Privat, 1969, p. 128-139.
DEVIC, Claude ; VAISSÈTE, Joseph. Histoire générale du Languedoc (vol. VIII). Toulouse: Privat, 1879.
DOSSAT, Yves. La découverte des textes cathares. Le P. Antoine Dondaine. In : V.V.A.A. Cahiers de Fanjeaux. Historiographie du catharisme. n. 14. Toulouse : Privat, 1979, p. 343-359.
DUVERNOY, Jean. La Religion des cathares. Toulouse: Éditions Privat, 1976.
GEARY, Patrick. Memória. In: LE GOFF, Jacques ; SCHMITT, Jean-Claude (Orgs.). Dicionário Temático do Ocidente Medieval. vol. 2. Bauru: EDUSC, 2006, p. 167-181.
HUYSSEN, Andreas. Nostalgia for ruins. Grey Room, n. 23, p. 6-21, 2006.
JIMENEZ-SÁNCHEZ, Pilar. Les catharismes: modèles dissidents du christianisme médiévale (XIIe-XIIIe siècles). Rennes : Presses Universitaires de Rennes, 2008.
________________________. The use and abuse of history: the creation of the “Aude, Pays Cathare”. An example of the management of an historical and cultural patrimony? Imago Temporis. Medium Aevum, n. 4, p. 373-398, 2010.
KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado. Contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006.
LADURIE, Emmanuel Le Roy. Montaillou, village occitan de 1294 à 1324. Paris : Gallimard, 1982.
____________________________. Occitania in historical perspective. Review, vol. 1, n. 1, p. 20-30, 1977.
LAMBERT, Malcolm. Medieval Heresy. Popular movements from the Gregorian Reform to the Reformation. 2. Ed. Oxford e Cambridge: Blackwell, 1992.
LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas: Editora da UNICAMP, 1996.
_______________ (Org.). Hérésies et Sociétés dans l`Europe pré-industrielle, 11-18 siècles. Paris: Mouton, 1968.
MACEDO, José Rivair. Heresia, Cruzada e Inquisição na França Medieval. Porto Alegre : EdiPUCRS, 2000.
MARTEL, Philippe. Les historiens du début du XIX siècle et le Moyen Âge occitan : Midi éclairé, Midi martyr ou Midi pittoresque. Romantisme, n. 35, p. 49-72, 1982.
_________________. Le Félibrige. In: NORA, Pierre (Org.). Les lieux de mémoire (Vol. 3). Paris : Gallimard, 1997, p. 3515-3553.
__________________. Les cathares et l`Histoire. Le drame cathare devant ses historiens (1820-1992). Toulouse: Privat, 2002.
MCCAFFREY, Emily. Memory and collective identity in Occitanie: The Cathars in history and popular culture. History & Memory, vol. 13, n. 1, p. 114-138, 2001.
___________________. Imaging the cathars in Late-Twentieth-Century Languedoc. Contemporary European History, vol. 11, n. 3, p.409-427, 2002.
MITRE-FERNÁNDEZ, Emilio. Historia de la Edad Media en Occidente. Madri : Cátedra, 2008.
NORA, Pierre. Entre Memória e História. A problemática dos lugares. In: Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em História e do Departamento de História da PUC-SP, 1981, p. 7-28.
OLDENBOURG, Zoé. Le bûcher de Montségur. Paris : Gallimard, 1959.
POULOT, Dominique. Une histoire du patrimoine en Occident (XVIII-XXI siècle). Paris : Presses Universitaires de France, 2006.
REVEL, Jacques. Histoire vs Mémoire en France aujourd'hui. French Politics, Culture & Society, vol. 18, n. 1, p. 1-12, 2000.
RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Campinas: Editora da UNICAMP, 2007.
ROACH, Andrew. Occitania Past and Present: Southern Consciousness in Medieval and Modern French Politics. History Workshop Journal, n. 43, p. 1-22, 1997.
ROQUEBERT, Michel. L`Épopée Cathare. 1230-1244 : Mourir à Montségur (vol. 4). Paris : Perrin, 2007.
SAUZET, Patrick. Occitan : de l’importance d’ˆetre une langue. Cahiers de l’Observatoire des pratiques linguistiques, p. 87-106, 2012.
SILVA, Elsa Peralta da. Patrimônio e Identidade. Os desafios do turismo cultural. Antropologicas, n. 4, p. 218-224, 2000.
SOULA, René. Les cathares entre légende et histoire. La mémoire de l`albigéisme du XIX siècle à nos jours. Puylaurens : Institut d`études occitans, 2004.
SUMPTION, Jonathan. The Albigensian Crusade. Londres e Nova York: Faber & Faber, 1978.
WAKEFIELD, Walter. Heresy, Crusade and Inquisition in Southern France, 1100-1250. Berkeley e Los Angeles: University of California Press, 1974.
WILLAERT, Frank ; BRAET, Herman ; MERTENS, Thom ; VENCKELEER, Theo (Eds.). Medieval memory. Image and Text. Fédération Internationale des Instituts d`Études Médiévales. Textes et Études du Moyen Âge, n. 27. Turnhout : Brepols, 2004.
YATES, Frances A. The Art of Memory. Chicago: University of Chicago Press, 1966.
ZERNER, Monique (Org.). Inventar a heresia. Discursos polêmicos e poderes antes da Inquisição. Campinas: Editora da Unicamp, 2009.

Downloads

Publicado

27-06-2019

Edição

Seção

Artigos