As esquerdas no pós-ditadura, a democracia brasileira e o tempo presente
DOI:
https://doi.org/10.47456/dim.v52i2.45097Palavras-chave:
Esquerdas, pós-ditadura, democraciaResumo
O presente artigo adota uma perspectiva histórica de mais longa duração para refletir sobre as esquerdas brasileiras no pós-ditadura, período ainda pouco analisado pela historiografia. Sugere-se a hipótese segundo a qual, a despeito da experiência da derrota após o golpe de 1964 e a ditadura instaurada no país, os partidos políticos e os movimentos sociais progressistas tiveram papel relevante nas lutas pela redemocratização e na construção da democracia brasileira no tempo presente. Para sustentar o argumento proposto, em diálogo com a bibliografia especializada, procura-se analisar a trajetória das esquerdas no Brasil em diferentes momentos históricos pós-ditadura, destacando os processos de fragmentação partidária e de pluralização dos movimentos sociais. Além disso, busca-se propor que, apesar de derrotas importantes, as forças progressistas contribuíram, do ponto de vista institucional, para a formulação de políticas públicas inovadoras e inclusivas e, do ponto de vista social, para a renovação do repertório da política e da esfera pública brasileira, com novos sujeitos, temas e agendas.
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