Descolonizar as representações sobre a colonização: reflexões/ contribuições a partir da Geografia
DOI:
https://doi.org/10.7147/geo.v1i31.29141Palavras-chave:
colonização, epresentações, relações de poderResumo
A maior parte das representações sobre o processo de expansão espacial do capitalismo no recorte espacial do atual território do Estado do Espírito Santo e quiçá brasileiro, mediante o avanço da colonização, perpetua o que alguns autores têm chamado de ideologia dos vazios demográficos, que seria a tendência em se representar esses espaços antes de sua colonização e incorporação ao sistema mundo capitalista como áreas desertas, sem seres humanos, ocultando assim a violência a inerente a esse processo. Apesar de inicialmente ter sido uma construção dos colonizadores com a clara intencionalidade de legitimar sua invasão e usurpação daquele território, essa ideologia tem sido reproduzida e perpetuada em muitas obras historiográficas e acadêmicas de diversas áreas do saber. Este artigo consiste em algumas reflexões sobre esse fenômeno, sobretudo no sentido de tentar compreender os vícios teóricos e metateóricos que levam a tal perpetuação e, a partir disso, propor possíveis caminhos para a sua superação.
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