Yves Lacoste e a Sierra Maestra. Um geógrafo contra os geografismos
DOI:
https://doi.org/10.47456/geo.v2i35.39471Palavras-chave:
geografismo, Sierra Maestra, representação geopolíticaResumo
Resumo: O presente artigo examina a crítica de Yves Lacoste ao geografismo – discurso que trata o território como personagem político – da “Montanha revolucionária” em descrições sobre a guerrilha castrista da Sierra Maestra (1956-1958). Em primeiro lugar, é exposta a hipótese do geógrafo de os irmãos Fidel e Raúl Castro não premeditaram uma guerrilha prolongada na região. Em seguida, é verificada a análise multiescalar realizada por Lacoste sobre a Sierra Maestra, desde o conjunto espacial do oriente cubano ao alto vale do rio Yara, tanto nas páginas da revista Hérodote como no livro Unidade e diversidade do terceiro mundo. A seguir, é destacada a importância da parceria intelectual entre Yves Lacoste e o geógrafo cubano Juan Perez De La Riva, que o acompanhou em suas viagens a Cuba (1963 e 1973). Por último, são relembrados os debates realizados na revista Hérodote na virada entre os anos 1970 e 1980 sobre o conceito de geografismo.
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Referências
O presente artigo acompanha a tradução, realizada por Victor Daltoé dos Anjos, publicada neste número 35 da revista Geografares, "Fidel Castro et la Sierra Maestra. Un théâtre d’opérations volontairement choisi?”, de Yves Lacoste, publicado na revista Hérodote em seu 5º número, relativo ao 1º trimestre de 1977, p. 7-33.
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