HISTÓRIA DOS INTÉRPRETES DE LÍNGUA DE SINAIS NO BRASIL:
DE MÃOS MISSIONÁRIAS À MÃOS PROFISSIONAIS
Resumo
A atuação de tradutores intérpretes de língua de sinais (TILS) vem se destacando na mesma medida em que sua profissionalização vai sendo construída no decorrer do tempo, o que acontece a partir de um conjunto de ações políticas, do acúmulo de conhecimentos produzidos e dos reflexos de diversos movimentos associativos. A partir dos anos de 1980 os intérpretes de linguagem de sinais (ILS) vão se consolidando nas comunidades surdas no Brasil. Neste sentido, o presente estudo inscreve-se no campo da história da tradução a partir da busca e da análise de registros históricos sobre ILS e sobre sua atuação. O corpus de análise é composto por registros videogravados em Língua Brasileira de Sinais (Libras) com a participação de três líderes surdos da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis) concedendo entrevistas, nas quais narram a consolidação do serviço de interpretação, nomeando alguns intérpretes que apoiam a entidade em seu início, como também uma entrevista com alguns dos intérpretes que atuaram nos anos de 1980. Metodologicamente, este estudo se desenvolveu pautado na perspectiva enunciativo-discursiva da linguagem proposta por Bakhtin e o círculo, tendo como objetivo analisar registros históricos sobre a consolidação do profissional tradutor e intérprete de Libras-português no Brasil. Constata-se que a constituição dos intérpretes pioneiros se deu nas comunidades surdas e que a formação dava-se pela experiência constituída nas relações de alteridade, onde os primeiros intérpretes indicados tinham uma participação muito atrelada ao contexto religioso, em contrapartida à realidade atual, em que prima-se pela formação e profissionalização.