Coletivo LGBT Sem Terra: o rural e os novos projetos de famílias homoparentais em assentamentos do MST em Minas Gerais, Brasil

Collective LGBT Sem Terra: the rural and the new projects of homoparental families in MST settlements in Minas Gerais, Brazil

Autores

  • Bruno Monteiro Duarte Universidade Federal de Viçosa, Brasil
  • Douglas Mansur da Silva Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.47456/simbitica.v10i2.39935

Palavras-chave:

sexualidade, projeto de vida, MST, ruralidades

Resumo

O presente artigo buscou investigar os projetos de vida de cinco sujeitos, de diferentes assentamentos rurais do Estado de Minas Gerais, que manifestam um gênero e/ou uma sexualidade dissidente e que formaram em 2014, no interior do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Coletivo LGBT Sem Terra de Minas Gerais. A partir de uma metodologia qualitativa de entrevistas de história de vida, realizadas no ano de 2020, procurou-se pensar como esses LGBT Sem Terra transformaram e constituíram seus projetos de vida no meio rural. Baseado nos resultados da pesquisa, concluiu-se que o engajamento na rede LGBT Sem Terra alterou os projetos individuais das(os) interlocutoras(es), como as pretensões de construir famílias homoparentais monogâmicas no interior do universo rural mineiro. Ao mesmo tempo, elas(es) assumiram novos projetos coletivos pela luta por respeito à diversidade sexual e de expressão de gêneros nos assentamentos e no MST.

Palavras-chave: sexualidade; projeto de vida; MST; ruralidades.

ABSTRACT

This article sought to investigate the life projects of five subjects, from different rural settlements in the State of Minas Gerais, who manifest a dissident gender and/or sexuality and who formed in 2014, within the Landless Rural Workers Movement (MST), the Landless LGBT Collective of Minas Gerais. Based on a qualitative methodology of life history interviews, carried out in the year 2020, we tried to think about how these Landless LGBT transformed and constituted their life projects in rural areas. Based on the results of the research, it was concluded that the engagement in the LGBT Sem Terra network changed the individual projects of the interlocutors, such as the pretensions of building monogamous homoparental families within the rural universe of Minas Gerais. At the same time, they took on new collective projects in the fight for respect for sexual diversity and gender expression in the settlements and in the MST.

Keywords: sexuality; life project; MST; ruralities.

RESUMEN

Este artículo buscó investigar los proyectos de vida de cinco sujetos, de diferentes asentamientos rurales del Estado de Minas Gerais, que manifiestan un género y/o sexualidad disidente y que se formaron en 2014, dentro del Movimiento de los Trabajadores Rurales Sin Tierra (MST), el Colectivo LGBT Sin Tierra de Minas Gerais. A partir de una metodología cualitativa de entrevistas de historia de vida, realizada en el año 2020, buscamos pensar cómo estos Sin Tierra LGBT transformaron y constituyeron sus proyectos de vida en las zonas rurales. Con base en los resultados de la investigación, se concluyó que la participación en la red LGBT Sem Terra cambió los proyectos individuales de los interlocutores, como las pretensiones de construir familias homoparentales monógamas dentro del universo rural de Minas Gerais. Al mismo tiempo, asumieron nuevos proyectos colectivos en la lucha por el respeto a la diversidad sexual y la expresión de género en los asentamientos y en el MST.

Palabras clave: sexualidad; proyecto de vida; MST; ruralidades.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Bruno Monteiro Duarte, Universidade Federal de Viçosa, Brasil

Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Brasil. Mestre em Extensão Rural pela mesma instituição. Atualmente, é doutorando no Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural da Universidade Federal de Viçosa.

Douglas Mansur da Silva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil

Doutor em Antropologia Social pelo Museu Nacional (UFRJ), Brasil. Mestre em Antropologia Social pela UNICAMP. Professor Associado III da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Referências

ATKINSON, Robert (2002), “The Life Story Interview”, in F. Jaber, A. James e A. Holstein (Orgs.), Handbook of Interview Research. Thousand Oaks, Sage, pp. 121-140.

BECH, Henning (1997), When Men Meet. Homosexuality and Modernity. Chicago, The University of Chicago Press.

BRANDÃO, Ana Maria (2007), “Entre a vida vivida e a vida contada: A história de vida como material primário de investigação sociológica”. Configurações, n. 3, pp. 83-106.

DUARTE, Bruno M.; DOULA, Sheila M.; SILVA, Douglas M. da (2020), “Do vermelho ao arco-íris: as representações sobre o movimento LGBT nas mídias do MST”. Antropolítica: Revista Contemporânea de Antropologia, v. 2, pp. 246-271. [Consult. 20-06-2023]. Disponível em https://doi.org/10.22409/antropolitica2020.i49.a42043

ERIBON, Didier (2008), Reflexões sobre a questão gay. trad. Procópio Abreu. Rio de Janeiro, Companhia de Freud.

FERREIRA, Paulo R. da S. (2006), Os afectos mal-ditos: o indivisível das sexualidades camponesas. Dissertação (Mestrado em Antropologia). PPGA-UnB, Brasília.

FOSTER, David W (2001), “Consideraciones sobre el estudio de la heteronormatividade em la literatura latino-americana”. Letras: Literatura e Autoritarismo, n. 22, pp. 45-71. [Consult. 20-06-2023]. Disponível em https://doi.org/10.5902/2176148511823

GOFFMAN, Erving (1998), Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4a ed. Rio de Janeiro, LTC.

GONÇALVES, Renata C (2005), Vamos acampar? A luta por terra e a busca pelo assentamento de novas relações de gênero no MST do Pontal do Paranapanema. 330f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Universidade Estadual de Campinas. Campinas (SP).

KOURY, Mauro G. P. (2009), Emoções, sociedade e cultura: a categoria de análise como objeto de investigação na sociologia. Curitiba, Editora CRV.

LALANDA, Piedade (1998), “Sobre a metodologia qualitativa na pesquisa sociológica”. Análise Social, v. 33, n. 148, pp. 871-883.

MAGALHÃES, Pedro M. de M. (2017), Terra, amor e existência: sobre a atuação do coletivo LGBT do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Trabalho de Conclusão de Curso. 225f. Trabalho de Conclusão de Curso – Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília, Brasília.

MAGRINI, Pedro R. (2015), Produção acadêmica sobre o MST: perspectivas, tendências e ausências nos estudos sobre gênero, sexualidade, raça e suas interseccionalidades. 378 f. Tese (Doutorado em Ciências Humanas) - Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis (SC).

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (2014), Manifesto da Juventude Sem Terra. Brasília, MST.

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (2017), Caderno de Formação Nº 5: Diversidade Sexual no MST - Elementos para o debate. São Paulo, Setor de Gênero.

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (2019a), A cultura drag e a resistência LGBT. Youtube. 05min46s. [Consult. 06-07-2020]. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=eQHnOr3fwgw&t=57s

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (2019b), Nós não voltaremos para o armário. [S. l.: s. n.]. [Consult; 11-07-2020]. Disponível em https://mst.org.br/2019/03/27/nos-nao-voltaremos-para-o-armario/

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (2020a), LGBT Sem Terra: o amor faz revolução. Youtube. 12min02s. [Consult. 06-07-2020]. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=04MnkQdV0Js

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (2020b), Quem somos. [S. l.: s. n.]. [Consult; 11-06-2020]. Disponível em https://mst.org.br/quem-somos/

RUBIN, Gayle (1984), “Thinking Sex: notes for a radical theory of the politics of sexuality”, in C. Vance (Org.). Pleasure and Danger. New York, Routledge and Kegan Paul, pp. 267-319.

SEDGWICK, Eve K. (2007), “A epistemologia do armário”. Cadernos Pagu, v. 28, pp. 19-54 [Consult. 06-07-2020]. Disponível em https://doi.org/10.1590/S0104-83332007000100003

SEVERINO, Antônio J. (2007), Metodologia do trabalho científico. São Paulo, Cortez.

SCHILTZ, Marie-Ange (1997), “Parcous de jeunes homosexuels dans le contexte du VIH: la conquête des modes de vie”. Population, v. 52, n. 6, p. 1-503.

VELHO, Gilberto (2010), “Metrópole, cosmopolitismo e mediação”. Horizontes Antropológicos, v. 16, n. 33, pp. 15-23 [Consult. 06-05-2023]. Disponível em https://doi.org/10.1590/S0104-71832010000100002

VELHO, Gilberto (2003), Projeto e metamorfose: antropologia das sociedades complexas. Rio de Janeiro, Jorge Zahar.

VELHO, Gilberto (1986), Subjetividade e sociedade: uma experiência de geração. Rio de Janeiro, Jorge Zahar.

Downloads

Publicado

20-08-2023

Como Citar

Duarte, B. M., & Silva, D. M. da. (2023). Coletivo LGBT Sem Terra: o rural e os novos projetos de famílias homoparentais em assentamentos do MST em Minas Gerais, Brasil: Collective LGBT Sem Terra: the rural and the new projects of homoparental families in MST settlements in Minas Gerais, Brazil. Simbiótica. Revista Eletrônica, 10(2), 77–95. https://doi.org/10.47456/simbitica.v10i2.39935

Edição

Seção

Dossiê