Entre o “bem viver” e “viver na caixinha” – Conflitos ontológicos no Morro Santana, em Porto Alegre, RS

Between “living well” and “living in a box” – Ontological Conflicts in Morro Santana, Porto Alegre, RS

Autores

  • Luís Gustavo Ruwer da Silva Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.47456/simbitica.v10i3.41111

Palavras-chave:

Morro Santana, Território, Ontologia, Periferias

Resumo

Este artigo busca discutir a multiplicidade que constitui o que se chama de “Morro Santana”, uma região da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Através da construção de diferentes desenhos ontológicos – ambiental, periférico e ancestral Kaingang –, busca-se compreender a multiplicidade desse(s) território(s). Como parte de um processo de pesquisa mais amplo, o estudo propõe reflexões preliminares sobre como os conflitos territoriais, urbanos e ecológicos podem ser entendidos como conflitos ontológicos. Através dessa abordagem, que aproxima a discussão ontológica das questões urbanas, o artigo explora as interações complexas e as dinâmicas de poder presentes no Morro Santana. O foco recai nas práticas cotidianas que moldam ativamente o território, em vez de considerá-lo apenas como uma entidade observada.

Palavras-chave: Morro Santana, território, ontologia, periferias.

 

ABSTRACT

This article aims to discuss the multiplicity that constitutes what is referred to as “Morro Santana”, a region in the city of Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Through the construction of different ontological frameworks – environmental, peripheral, and Kaingang ancestral – we seek to comprehend the multiplicity of this territory or territories. As part of a broader research process, the study offers preliminary reflections on how territorial, urban, and ecological conflicts can be understood as ontological conflicts. Through this approach, which brings ontological discussions closer to urban issues, the article explores the complex interactions and power dynamics present in Morro Santana. The focus lies on the everyday practices that actively shape the territory, rather than considering it merely as an observed entity.

Keywords: Morro Santana, territory, ontology, peripheries.

 

RESUMEN

Este artículo tiene como objetivo discutir la multiplicidad que constituye lo que se conoce como “Morro Santana”, una región en la ciudad de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. A través de la construcción de diferentes marcos ontológicos – ambiental, periférico y ancestral Kaingang – buscamos comprender la multiplicidad de este(s) territorio(s). Como parte de un proceso de investigación más amplio, el estudio propone reflexiones preliminares sobre cómo los conflictos territoriales, urbanos y ecológicos pueden entenderse como conflictos ontológicos. A través de este enfoque, que acerca las discusiones ontológicas a las cuestiones urbanas, el artículo explora las complejas interacciones y dinámicas de poder presentes en Morro Santana. El enfoque se centra en las prácticas cotidianas que moldean activamente el territorio, en lugar de considerarlo simplemente como una entidad observada.

Palabras clave: Morro Santana, território, ontologia, periferias.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luís Gustavo Ruwer da Silva, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil

Cientista Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil. Mestrando do Programa de Pós Graduação em sociologia pela mesma Universidade. Integrante do Programa de Extensão Preserve Morro Santana (@preservemorrosantana)

Referências

ACOSTA, Alberto (2016), O Bem Viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. Tradução de Tadeu Breda. São Paulo, Autonomia Literária; Elefante.

ARÁOZ, Horacio Machado (2020), Mineração, genealogia do desastre: o extrativismo na América como origem da modernidade. São Paulo, Editora Elefante.

BLASER, M. (2018), “Uma outra cosmopolítica é possível?”. Revista De Antropologia Da UFSCar, v. 10, n. 2, pp. 14-42 [Consult. 10-09-2023]. Disponível em https://doi.org/10.52426/rau.v10i2.243

CANEZ, Anna Paula (2006), Arnaldo Gladosch: o Edifício e a Metrópole. Tese (Doutorado em Arquitetura) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

CATAFESTO DE SOUZA, José Otávio (2008), “Territórios e povos originários (des)velados na metrópole de Porto Alegre” in Porto Alegre, Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Segurança Urbana. Coordenação de Direitos Humanos. Núcleo de Políticas Públicas para os Povos Indígenas. Povos indígenas na bacia hidrográfica do Lago Guaíba. Porto Alegre, Prefeitura Municipal de Porto Alegre, p. 14-24.

CORRÊA, Diogo Silva, (2016), “Exorcizando o simbolismo”, in O. Von der Weid e F. Vandenberghe (orgs.). Novas Antropologias. Rio de Janeiro, Três pontos, v. 1, pp. 210-217.

DE LA CADENA, Marisol (2018), “Natureza incomum: histórias do antropo-cego”. Revista do instituto de Estudos Brasileiros, n. 69, pp. 95-117 [Consult. 10-09-2023]. Disponível em https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v0i69p95-117

ESCOBAR, Arturo (2015), “Territorios de diferencia: la ontología política de los ‘derechos al territorio’”. Desenvolvimento e Meio Ambiente, v. 35, p. 89-100 [Consult. 10-09-2023]. Disponível em https://revistas.ufpr.br/made/article/view/43540

ESCOBAR, Arturo (2017), Autonomía y diseño: la realización de lo comunal. Buenos Aires, Ed. Tinta Limón.

FARIAS, Renato, (2023), Entrevista [arquivo pessoal do autor]. Porto Alegre.

FRIZZO, Taís Cristine Ernst; PORTO, Maria Luiza (1998), “Flora ilustrada da vegetação da futura reserva ecológica do Morro Santana, Porto Alegre, RS”. Anais. X Salão de Iniciação Científica – 1998. Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

GAH TÉ, Iracema Nascimento et al. (2018), História e cultura Kaingang: Morro Santana, borboleta e a importância da natureza. Porto Alegre.

GAH TÉ, Iracema Nascimento (2022), Entrevista [arquivo pessoal do autor]. Porto Alegre.

GASTAL, Susana (1995), Memória dos Bairros: Morro Santana. Porto Alegre, Unidade Editorial Porto Alegre, 1995.

GUDYNAS, Eduardo (2015), Extractivismos: ecología, economía y política de un modo de entender el desarrollo y la naturaleza. CEDIB, Centro de Documentación e Información Bolivia.

HAESBAERT, Rogério (2021), Território e descolonialidade: sobre o giro (multi)territorial/de(s)colonial na “América Latina”. Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales; Programa de Pós-Graduação em Geografía; Universidade Federal Fluminense.

JACHETTI, Samuel Tibola (2016), Reurbanização no Morro Santana. 2016. 20f. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

MARÉCHAL, Clementine; QUINTERO, Pablo; MAGALHÃES, Alexandre; BRANDALISE, Guilherme, RODRIGUES, Milena; SILVA, Luis Gustavo; VALDEZ, Ramiro; HEINECK, Eduarda (2022). Nota Técnica acerca da ancestralidade indígena Kaingang e Xokleng no território denominado Gãh Ré no Morro Santana em Porto Alegre.

MARÉCHAL, Clémentine Ismérie; HERMANN, Herbert Walter. “O xamanismo kaingang como potência decolonizadora”, Horizontes Antropológicos, v. 51, 2018, pp. 339-370 [Consult. 20-09-2023]. Disponível em https://journals.openedition.org/horizontes/2314#tocto1n2

MAROCCO, Marco Aurélio; SCOMAZZON, Carlos (2015), Câmara aprova projeto que cria 15 bairros e altera delimitações. Câmara Municipal de Porto Alegre.

MENEGAT, Rualdo (coord.) (2006), Atlas Ambiental de Porto Alegre. 3. ed. Porto Alegre, Editora da UFRGS.

MIRANDA, Macklaine M. S. (2014), “Identificação das Unidades de Paisagem de Porto Alegre”, in IX Colóquio Quapá Sel, 25 a 26 de agosto de 2014, UFES-FAUUSP-QUAPÁ, UFES, Vitória, Espírito Santo, 2014.

MOL, Annemarie (2008), “Política ontológica. Algumas ideias e várias perguntas”, in J. A. Nunes e R. Roque (orgs.): Objetos Impuros. Experiências em estudos sociais e ciência, pp. 63-174. Porto, Edições Melhoramentos.

NASCIMENTO, Letícia (2023), Entrevista [arquivo pessoal do autor]. Porto Alegre.

PAULON, Simone M.; ROMAGNOLI, Roberta C. (2010), “Pesquisa-intervenção e cartografia: melindres e meandros metodológicos”. Estudos e pesquisas em psicologia, v. 10, n. 1, pp. 85-102 [Consult. 20-09-2023]. Disponível em https://doi.org/10.12957/epp.2010.9019

PEREIRA, Gustavo R. (2021), “Os desenhos ontológicos coloniais da indústria de celulose e a paisagem, no Extremo-Norte do Espírito Santo”, in Congresso Brasileiro de Sociologia, 20º, 12 a 17 de julho de 2021, UFPA – Belém, PA, CP07 - Sociologia Ambiental e Ecologia Política. Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Rural, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

PHILIPP, Ruy P.; VARGAS, Jacira A.; DI BENEDETTI, Verônica (2009), “A memória geológica do centro antigo de Porto Alegre: o registro da evolução urbana nos prédios históricos e no urbanismo da cidade”. Pesquisas em Geociências, Porto Alegre, v. 36, n. 1, pp. 59-77 [Consult. 20-09-2023]. Disponível em https://doi.org/10.22456/1807-9806.17875

QUIJANO, Aníbal (2005) “Colonialidade do Poder, Eurocentrismo e América Latina”, in E. Lander (org.). A colonialidade do saber. Eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires, CLACSO.

SÁ JUNIOR, Luiz César (2016), “Philipe Descola e a Virada Ontológica na Antropologia”, in F. Vanderberghe e O. V. D. Weid, Novas Antropologias. Rio de Janeiro, Terceiro ponto.

SALDANHA, José Rodrigo Pereira (2015), Selvagens, barbárie e colonos: coletivos indígenas kaingang e o choque com a civilização no Sul do Brasil Meridional contemporâneo. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

SCHWEIG, Ana Letícia Meira (2014), Territorialidade e relações sociocosmológicas Kaingang no Morro Santana, Porto Alegre, RS. Trabalho de Conclusão de Curso em Ciências Sociais – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2014.

SILVA, Luís Gustavo Ruwer (2021), Não tinha água para tomar quem dirá para controlar o fogo: conflitos socioambientais e a luta pela vida no Morro Santana, em Porto Alegre-RS. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso em Ciências Sociais) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

TEIA DOS POVOS (2022), Indígenas Kaingang e Xokleng retomam território ancestral no Morro Santana, em Porto Alegre, Teia dos Povos [Consult. 10-05-2023]. Disponível em: https://teiadospovos.org/indigenas-kaingang-e-xokleng-retomam-territorio-ancestral-no-morro-santana-em-porto-alegre/

TELLES, Vera da Silva (2015), “Cidade: produção de espaços, formas de controle e conflitos”. Revista de Ciências Sociais, v. 46, n. 1, pp. 15-41.

TLOSTANOVA, M (2017). On decolonizing design. Design Philosophy Papers.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) (2014), 1954 – 1964: Pesquisa e Universidade. UFRGS 80 Anos [Consult. 13-05-2023]. Disponível em: https://www.ufrgs.br/80anos/1954-1964/#

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) (2008), Dossiê elaborado para a implementação da Unidade de Conservação. Porto Alegre, 2008. [documento não publicado].

Downloads

Publicado

26-12-2023

Como Citar

Ruwer da Silva, L. G. (2023). Entre o “bem viver” e “viver na caixinha” – Conflitos ontológicos no Morro Santana, em Porto Alegre, RS: Between “living well” and “living in a box” – Ontological Conflicts in Morro Santana, Porto Alegre, RS. Simbiótica. Revista Eletrônica, 10(3), 73–95. https://doi.org/10.47456/simbitica.v10i3.41111

Edição

Seção

Dossiê