Emoções e construção social:
ainda há lugar para o socioconstrutivismo na filosofia das emoções?
DOI:
https://doi.org/10.47456/sofia.v12i2.43351Palavras-chave:
emoções, construção social, afetividade situada, variação cultural, debunking projectResumo
Na década de 1980, um programa de pesquisa se popularizou no campo da filosofia e psicologia das emoções. Esse programa, denominado construcionismo social, afirmava que emoções eram produtos de fatores sociais e não poderiam ser compreendidas em um vocabulário adaptacionista. No entanto, ao longo do tempo essas teorias perderam grande parte de sua força e popularidade, e praticamente desapareceram da filosofia das emoções contemporânea. O objetivo do presente artigo será diagnosticar esse predicamento, e perguntar se o construcionismo social ainda poderia ser uma via teórica interessante para o estudo das emoções. Para isso, iremos clarificar o significado da metáfora da “construção” e examinar algumas das principais teorias construcionistas de emoções. Embora nossas conclusões sejam negativas em relação ao rótulo da construção social, elas podem ainda assim trazer algum alívio para aqueles que se simpatizam com suas pretensões teóricas, prescrições metodológicas e foco de análise.
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