Abrindo os dizeres de Ecce homo
DOI:
https://doi.org/10.47456/sofia.v13i2.47116Palavras-chave:
Nietzsche, Ecce homo, discursividade, poeseologia, doxografiaResumo
O objetivo deste trabalho é apresentar uma breve recomposição teórica que permite compreender os elementos de um gesto sofista na obra Ecce homo de Nietzsche. No âmbito de lançar luz sobre os pressupostos da compreensão desse gesto enquanto uma “doxografia sofística de si”, o que se segue é a explicitação de três componentes teóricos gerais que viabilizam tal interpretação: as noções de discursividade, poeseologia e doxografia. Na busca de compreender os mecanismos e astúcias da discursividade sofística, com Cassin, vislumbrar as dinamizações complexas do texto e suas possibilidades de reconstruções poeseológicas, com Pichler e, sobretudo, por meio da deflagração do “tráfico da letra” na doxografia, na roupagem da ciência filológica que Cassin salienta, podemos então, como entrada interpretativa no texto, reativar o “jogo doxográfico” pelo qual possamos, como faz Rahn, traçar “uma linha — como abertura ao pensamento segundo o qual possa valer a pena, no futuro, ler os livros de Nietzsche também superficialmente”.
Referências
BARBOSA, Rodrigo Francisco. A Witz sofística na filologia de Nietzsche. TRÁGICA: ESTUDOS SOBRE NIETZSCHE, v. 14, p. 65-101, 2021.
BARBOSA, Rodrigo Francisco. Paracaracterísticas dos modos de escrita de Nietzsche. ESTUDOS NIETZSCHE, v. 13, p. 198-215, 2022.
BARBOSA, Rodrigo Francisco. A captura de Ecce homo pelo topete do texto. Revista Trágica: Estudos de Filosofia da Imanência, v. 17, p. 46-72, 2024.
BENNE, “Der Punkt. Vom Sinn des reinen Fürsichseins” In: ABBT, Christine; KAMMASCH, Tim [Hg.]. Punkt, Punkt, Komma, Strich? Geste, Gestalt und Bedeutung philosophischer Zeichensetzung. Transcript Verlag, pp. 41-60, 2009.
BENNE, Christian. “Nietzsche und die historisch-kritische Philologie”. Monographien und Texte zur Nietzsche-Forschung, v. 49. Berlim / Nova York: Walter De Gruyter, 2005.
BENNE, Christian. “Paródia” In: NIEMEYER, Christian (Org.). Léxico de Nietzsche. São Paulo: Loyola, 2014.
BENNE, Christian. The Philosophy of Prosopopoeia. The Journal of Nietzsche Studies, v. 47, Issue 2, Summer, pp. 275-286, 2016.
BENNE, Christian “La ricerca poetica di Nietzsche: un’etica dell’amicizia” In: LOSSI, Annamaria; ZITTEL, Claus. Nietzsche scrittore. Saggi di estetica, narratologia, etica. Pisa: ETS, pp. 31-52, 2014.
BENNE, Christian; SANTINI, Carlota. “Nietzsche und die Philologie” In: HEIT, Helmut; HELLER, Liza (Orgs.). Handbuch Nietzsche und die Wissnschaften. Berlim / Boston: Walter De Gruyter, pp. 173-200, 2013.
BEINERT, Wolfgang. Sperrsatz. Das Lexikon der Typografie. 27.12.2019. Disponível em: https://www.typolexikon.de/sperrsatz/ Acesso em outubro de 2024.
BOMMEL, Bas van; Classical Humanism and the Challenge of Modernity. Debates on Classical Education in 19th-century Germany. De Gruyter, 2015.
CASSIN, Barbara. Aristóteles e o lógos. Contos de fenomenologia comum. Trad. Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: Editora Loyola, 1999.
CASSIN, Barbara. O efeito sofistico. Trad. Ana Lúcia de Oliveira, Maria Cristina Franco Ferraz e Paulo Pinhiero. Ed. 34, São Paulo, 2005.
CASSIN, Barbara. Sophistical Practice: Toward a Consistent Relativism. Fordham University Press, Nova York, 2014.
CASSIN, Barbara. Se Parmênides. O tratado anônimo De Melisso Xenophane Gorgia. Trad. Cláudio Oliveira. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.
CASSIN, Barbara et al. Dictionary of Untranslatables: A Philosophical Lexicon. Princeton: University Press, 2014.
CASSIN, Barbara; WOLFE, Charles T.; Who's afraid of the sophists? Against ethical correctness. Hypatia. Vol. 5 Number 4, pp. 102-120, 2000.
DISSER, Monika. Friedrich Nietzsche und das Experiment Schreibmaschine“ In: Archiv für Stenografie, Textverarbeitung, Informationstechnologie“, Disponível em: encurtador.com.br/ijSZ5. Acesso em outubro de 2024.
Digitale Wörterbuch der deutschen Sprache. Disponível em: http://www.dwds.de Acesso em outubro de 2024.
FRIES, Thomas; “Die Leerstelle. Der Zwischenraum” In: ABBT, Christine; KAMMASCH, Tim (Org.) Punkt, Punkt, Komma, Strich? Geste, Gestalt und Bedeutung philosophischer Zeichensetzung. Bielefeld: Transcript-verlag, pp. 165-176, 2009.
HÖDL, Hans Gerald. Der letzte Jünger des Philosophen Dionysos. Studien zur systematischen Bedeutung von Nietzsches Selbstthematisierungen im Kontext seiner Religionskritik. Monographien und Texte zur Nietzsche-Forschung, v. 54, Berlin/New York: Walter De Gruyter, 2009.
IKEN, Katja. “Klack-Klack-Klack-Klack-Bing!”. Der Spiegel. 05.05.2017. Disponível em: https://goo.gl/vmcKir Acesso em outubro de 2024.
JENSEN, Anthony “Ecce homo as historiography” In: Nietzsche-Studien, v. 40, Berlim / Nova York: De Gruyter, p. 203-225, 2011.
JENSEN, Anthony. Nietzsche’s philosophy of history. Nova York: Cambridge University Press, 2013.
KAMMASCH, Tim. “Der Gedankenstrich. »stille Ekstase«” In: ABBT, Christine; KAMMASCH, Tim [Hg.]. Punkt, Punkt, Komma, Strich? Geste, Gestalt und Bedeutung philosophischer Zeichensetzung. Transcript Verlag, pp. 119-140, 2009.
LANGER, Daniela. Wie man wird, was man schreibt. Sprache, Subjekt und Autobiographie bei Nietzsche und Barthes. Paderborn: München, 2005.
LOSSI, Annamaria. L'io postumo. Autobiografia e narrazione filosofica del sé in F. Nietzsche. Tesi di dottorato di ricerca. Pisa, 2012. Disponível em: https://goo.gl/0KzwRm Acesso em: outubro de 2023.
MARTÍNEZ, Roberto Sanchiño. Aufzeichnungen eines Vielfachen Zu Friedrich Nietzsches Poetologie des Selbst. Bielefeld: Transcipt Verlag, 2013.
MORE, Nicholas D. Nietzschte's Last Laugh. Ecce Homo as Satire. Nova York: Cambridge Press, 2014.
NIETZSCHE, Friedrich. Digitale Kritische Gesamtausgabe Werke und Briefe. Disponível em: http://www.nietzschesource.org/#eKGWB. Acesso em outubro de 2024.
NIETZSCHE, Friedrich. KGW IX/9. Hrsg. v. Marie-Luise Haase und Martin Stingelin. Bearb. v. Marie-Luise Haase, Thomas Riebe, Beat Röllin, René Stockmar, Franziska Trenkle, Daniel Weißbrodt. Unter Mitarbeit v. Karoline Weber. Berlim / Boston: Walter De Gruyter 2012.
NIETZSCHE, Friedrich. A Filosofia na idade trágica dos gregos. Trad. Maria Inês Vieira de Andrade. Edições 70 (Edição digital), 2020.
NIETZSCHE, Friedrich. A gaia ciência. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
NIETZSCHE, Friedrich. Além do bem e do mal. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
NIETZSCHE, Friedrich. Ecce homo: como alguém se torna o que é. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. Vol. II, São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
NIETZSCHE, Friedrich. Correspondencia I, Junio 1850 ‒ Abril 1869. Madrid: Trotta, 2005.
NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da moral. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
NIETZSCHE, Friedrich. Segunda consideração intempestiva: da utilidade e desvantagem da história para a vida. Trad. Marco Antônio Casanova. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2003.
PICHLER, Axel. “Para-Literarizität. Versuch eines alternativen heuristichen Blicks auf die Gattungsgrenze von Philosophie und Literatur” In: DUNSHIRN, Alfred; NEMETH, Elisabeth; UNTERTHURNER, Gerhard [Hrsg.]. Crossing borders. Grenzen (über)denken. Thinking (across) Boundaries. Œsterreichische Gesellschaft für Philosophie, Wien, pp. 163-172, 2012.
PICHLER, Axel. “Philosophie als Text ‒ Zur Darstellungsform der Götzendämmerung”. Monographien und Texte zur Nietzsche-Forschung, vol. 67. Berlim / Boston: De Gruyter, 2014.
PORTER, James I. Nietzsche and the philology of the future. California: Stanford University Press, 2000.
RAHN, T. “Delle nuove tavole. Sull’arte tipografica come mezzo interpretativo in Nietzsche” In: LOSSI, Annamaria; ZITTEL, Claus.; Nietzsche scrittore. Pisa: ETS, pp. 47-51, 2014.
RIES, Wiebrecht “EH: Ecce homo”. In: NIEMEYER, Christian (org.) Léxico de Nietzsche. Loyola, pp. 169-172, 2014.
SCHAEFFER, Jean-Marie. “Fictional vs; Factual Narration” In: HÜHN, Peter et al. (Org.). Narratologia / Contributions to Narrative Theory: Handbook of Narratology. Berlin: De Gruyter, pp. 98-114, 2009.
SLOTERDIJK, Peter. Regras para o parque humano: uma resposta à carta de Heidegger sobre o humanismo. Trad. José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Estação Liberdade, 2000.
SLOTERDIJK, Peter. Nietzsche Apostle. Trad. Steven Corcoran. Semiotext(e), Los Angeles, 2013.
SLOTERDIJK, Peter. Phiosophical Temperaments. From Plato to Foucault. Nova York: Columbia Press, 2013.
SOMMER, Andreas Urs. Nietzsche-Kommentar. Kommentar zu Nietzsches Der Antichrist. Ecce homo. Dionysos-Dithyramben. Nietzsche contra Wagner. Vol. 6/2, Berlim / Boston: Walter De Gruyter, 2013.
SOMMER, Andreas Urs. Nietzsche und die Folgen. Stuttgart: J.B. Metzler Verlag, 2017.
STEGMAIER, Werner. As linhas fundamentais do pensamento de Nietzsche: coletânea de artigos: 1985-2009. Organização de Jorge Luiz Viesenteiner e André Luis Munis Garcia. Petrópolis: Vozes, 2013.
TONGEREN, Paul v. A moral da crítica de Nietzsche à moral: estudo sobre “Para além de bem e mal”. Trad. Jorge Luiz Viesenteiner. Curitiba: Editora Champagnat, 2012.
UGOLINI, Gherardo “De Laertii Diogenis fontibus (1868/69, KGW II/1, 75–167)” In: OTTMANN, Henning (Org.). Nietzsche-Handbuch: Leben, Werk, Wirkung. Stuttgard/Weimar, pp. 159-160, 2011.
VIESENTEINER, Jorge Luiz. Nietzsche e a vivência de tornar-se o que se é. Campinas: PHI, 2013.
VIESENTEINER, Jorge Luiz. Sobre autoencenação e autogenealogia no Crepúsculo dos ídolos de Nietzsche. Estudos Nietzsche. Curitiba, v. 5, n. 2, Jul./dez, pp. 189-214, 2014.
WRIGHT, J. Lenore. The Philosopher's "I". Autobiography and the Search for the Self. Nova York: [s.e.], 2006.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Rodrigo Francisco Barbosa

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Dada a política de acesso público da revista, o uso dos textos publicados é gratuito, com a obrigação de reconhecer a autoria original e a primeira publicação nesta revista. Os autores das contribuições publicadas são inteiramente e exclusivamente responsáveis por seus conteúdos.
I Os autores autorizam a publicação do artigo nesta revista.
II Os autores garantem que a contribuição é original e assumem total responsabilidade pelo seu conteúdo em caso de impugnação por terceiros.
III Os autores garantem que a contribuição não está sob avaliação em outra revista.
IV Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-BY.
V Os autores são autorizados e incentivados a divulgar e distribuir seu trabalho on-line após a publicação na revista.
VI Os autores dos trabalhos aprovados autorizam a revista a distribuir seu conteúdo, após a publicação, para reprodução em índices de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.
VII Os editores reservam o direito de fazer ajustes no texto e adequar o artigo às normas editoriais da revista.