O neocartesianismo da fenomenologia husserliana

Aproximações e contraposições à filosofia cartesiana na configuração do projeto Fenomenológico Transcendental.

Auteurs

  • João Marcelo Silva da Rocha Universidade Federal do Espírito Santo

DOI :

https://doi.org/10.47456/sofia.v10i1.34482

Mots-clés :

Fenomenologia Transcendental. Edmund Husserl. René Descartes. Neocartesianismo

Résumé

Este artigo analisa a importância do pensamento cartesiano para a constituição do projeto Fenomenológico de Edmund Husserl, com o objetivo de explicitar em que sentido a Fenomenologia Transcendental pode ser compreendida quase como um neocartesianismo – como a caracteriza o próprio Husserl nas “Meditações Cartesianas” (1931). Para tanto, após apontamentos introdutórios nos quais a deferência husserliana a Descartes é ressaltada, apresentam-se elementos fundamentais do cartesianismo que são apropriados pelo fenomenólogo. Em seguida, as críticas husserlianas à filosofia cartesiana quanto à falta de radicalidade operante na execução do método devido a preconceitos subjacentes, à inadequada formulação do problema epistemológico autêntico e ao decisivo equívoco cartesiano na interpretação da subjetividade egológica são discutidas. Por fim, à guisa de conclusão, em posse tanto das apropriações quanto das contraposições evidenciadas, sustentar-se que o neocartesianismo da Fenomenologia Transcendental se constitui, a rigor, como um ultracartesianismo anticartesiano.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Références

BROUGH, J. B. Consciousness is not a Bag: Immanence, Transcendence, and Constitution in The Idea of Phenomenology. Husserl Studies, v. 24, n. 3, pp.177-191, 2008. Disponível em: <https://link.springer.com/article/10.1007/s10743-008-9045-3>. Acesso em: 24 nov. 2020.

CAPUTO, J. D. Transcendence and the Transcendental in Husserl's Phenomenology. Philosophy Today, v. 23, n. 3, pp. 205-216, 1979. Disponível em: <http://www.pdcnet.org/pdc/bvdb.nsf/purchase?openform&fp=philtoday&id=philtoday_1979_0023_0003_0205_0216>. Acesso em: 14 nov. 2020.

DESCARTES, R. Descartes – vida e obra. Trad. J. Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Nova Cultural, 1996 (Coleção Os pensadores).

_____. Oeuvres des Descartes. Charles Adam & Paul Tannery (ed.). 12 v. Paris: CNRS/Vrin, 1897-1910.

_____.Princípios da Filosofia. Trad. de João Gama. Lisboa, Portugal: edições 70, 1997.

DE LIMA, E. R. Husserl e a herança cartesiana: do Ego psicológico à subjetividade transcendental. V Seminário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2009.

FRAGA, G. Fenomenologia e Cartesianismo. Lisboa: Edições Revista Filosofia, 1957.

FRAGATA, J. S. J. A Fenomenologia de Husserl como fundamento da Filosofia. Braga: Livraria Cruz, 1959.

_____. Husserl e a fundamentação das ciências. XXIII Congresso Luso-Espanhol, Portugal: Coimbra, 1957 (separata do tomo VII).

GUEROULT,M. Descartes segundo a ordem das razões. São Paulo, SP: Discurso editorial, 2016.

HEIL, J. Filosofia da mente: uma introdução contemporânea. Tradução de Rui Pacheco, Lisboa: Instituto Piaget, 2001.

HUSSERL, E. A Crise das Ciências Europeias e a Fenomenologia Transcendental:Uma introdução à Filosofia Fenomenológica. Trad. Diogo Falcão Ferrer. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012a.

_____. A Ideia da Fenomenologia. Trad. Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 2014.

_____. Aufsätze und Vörtrage (1911-1921). Hrsg. Thomas Nenon und Hans Rainer Sepp. Dordrecht: Martinus Nijhoff, 1987 (Husserliana Bd. XXV).

_____. Cartesianische Meditationen und Pariser Vorträge.Hrsg. Stephan Strasser. The Hague: Martinus Nijhoff, 1973 (Husserliana Bd. I).

_____. Die Idee der Phänomenologie: Fünf Vorlesungen. Hrsg. Walter Biemel. The Hague: Nijhoff, 1950 (Husserliana Bd. II).

_____. Die Krisis der europäischen Wissenschaften und die Transzendentale Phänomenologie:Eine Einleitung in die phänomenologische Philosophie. The Hague: Martinus Nijhoff, 1954 (Husserliana Bd. VI).

_____. Erste Philosophie: Erster Teil (1923/1924). The Hague, Netherlands: MartinusNijhoff, 1956 (Husserliana VII).

______. Ideas Pertaining to a Pure Phenomenology and to a Phenomenological Philosophy.Third Book: Phenomenology and the Foundation of the Sciences. Trans. by Pohl, W.E., Klein, T.E. The Hague: Martinus Nijhoff, 1980 (Husserliana: Collected Works, v. 1).

______. Ideen zu einer reinen Phänomenologie und phänomenologischen Philosophie. Drittes Buch: Die Phänomenologie und die Fundamente der Wissenschaften. Hrsg. Marly Biemel. The Hague: Nijhoff, 1971 (Husserliana Bd. V)

_____. Ideen zu einer reinen Phänomenologie und phänomenologischen Philosophie. Erstes Buch: Allgemeine Einführung in die reine Phänomenologie 1. Halbband: Text der 1–3. Auflage. Hrsg. K. Schuhmann. The Hague: Martinus Nijhoff, 1976 (Husserliana Bd. III/1).

_____. Ideias para uma Fenomenologia Pura e para uma Filosofia Fenomenológi-ca: Introdução geral à Fenomenologia Pura. Trad. Márcio Suzuki. 2. ed. Aparecida, SP: Ideias & Letras, 2006 (Coleção Subjetividade Contemporânea).

_____. Investigações Lógicas: Primeiro volume: Introdução Geral à Fenomenologia Pura. Trad. Diogo Falcão Ferrer. Lisboa: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, 2005.

______.Investigações Lógicas: Segundo volume, parte I: Investigações para a Fenomenologia e Teoria do Conhecimento. Trad. Pedro M. S. Alves. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012b.

_____.Logische Untersuchungen. Erster Band: Prolegomenazur reinen Logik. Text der 1. und der 2. Auflage. Hrsg. E. Holenstein. The Hague: Martinus Nijhoff, 1975 (Husserliana Bd. XVIII).

_____. Meditações Cartesianas e Conferências de Paris.Trad. Pedro M. S. Alves. Rio de Janeiro: ForenseUniversitária, 2013.

_____. Phänomenologische Methode und phänomenologische Philosophie . Hrsg. v. Berndt Goossens. Husserl Studies, v. 16, Netherlands: Kluwer Academic Publishers, 2000.

_____. Zur Phänomenologie der Intersubjektivität. Texte aus dem Nachlass Erster Teil: 1905–1920. Hrsg. Iso Kern. The Hague: Martinus Nijhoff, 1973 (Husserliana Bd. XIII).

MACDONALD, P. S. Descartes and Husserl. The Philosophical Project of Radical Beginnings. New York: State University of New York Press, 2000.

MARTIN, W. M. Descartes and the Phenomenological Tradition. A Companion to Descartes. Blackwell Publishing, 2008 (Blackwell companions to philosophy - n. 38).

MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da Percepção. Trad. Carlos Alberto Ribeiro de Moura. 2. ed., São Paulo: Martins Fontes, 1999.

MORUJÃO, A. F. O “fenômeno puro”: ponto de partida da fenomenologia de Husserl. Lisboa: Centro de Estudos Fenomenológicos, 1957.

MOURA, C. A. R. de. Cartesianismo e Fenomenologia: Exame de Paternidade. Analytica, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, 1998. Disponível em: <https://revistas.ufrj.br/index.php/analytica/

article/view/427>. Acesso em: 20 nov. 2020.

_____. Crítica da Razão na fenomenologia. São Paulo: Nova Stella, 1989.

NENON, T. J. Some differences between Kant’s and Husserl’s conceptions of transcendental philosophy. Continental Philosophy Review, v. 41, n. 4, pp. 427-439, 2008; Disponível em: <http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs11007-008-9089-2>. Acesso em: 23 nov. 2020.

OLIVEIRA, M. A. de. Sobre a fundamentação. 2. ed., Porto Alegre: EDIPUCRS, 1997.

PERES, S. P. O problema da transcendência do objeto da percepção e do objeto da física nas investigações lógicas de Husserl. Philósophos, v.19, n. 1, p. 219-246, jan/jun. 2014. Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br/philosophos/article/view/30410>. Acesso em: 28 out. 2020.

ROMANO, C. Must phenomenology remain Cartesian? Trans. by John Rogrove. Continental Philosophy Review, set., v. 45, 3, pp 425–445, 2012. Disponível em: <https://link.springer.com/article/10.1007/s11007-012-9229-6>. Acesso em 04 nov. 2020;

ROSENFIELD, D. Descartes e as peripécias da razão.São Paulo: Iluminuras, 1996.

SOFFER, G. Husserl and the question relativism.Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 1991 (Phaenomenologica 122).

SOUZA, M. P. Considerações sobre a noção de verdade em Descartes. 107 f. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2016.

TOURINHO, C. D. C. Versões da "Transcendência na Imanência" na Fenomenologia de Edmund Husserl. Philósophos, v.17, n. 2, pp. 107-130, 2012.

VERDAN, A. O ceticismo filosófico. Trad. de Jaimir Conte. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1998.

Téléchargements

Publiée

19-02-2022

Comment citer

Silva da Rocha, J. M. (2022). O neocartesianismo da fenomenologia husserliana: Aproximações e contraposições à filosofia cartesiana na configuração do projeto Fenomenológico Transcendental. Sofia , 10(1), 116–153. https://doi.org/10.47456/sofia.v10i1.34482

Numéro

Rubrique

Martin Heidegger e o destino da Fenomenologia