Perguntar pela liberdade

O impasse da vontade na A vida do espírito

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47456/sofia.v14i2.49842

Palavras-chave:

vontade, liberdade, falácias metafísicas, questão moral, tradição

Resumo

Propomo-nos a explorar o conceito de vontade em Hannah Arendt e a sua relação com a liberdade. Retomamos a distinção de Tassin entre a "genealogia filosófica" e a "genealogia política" do conceito de liberdade, para refletir sobre a crítica de Arendt à tradição filosófica. Argumentamos que Arendt não preserva uma e rejeita a outra. Isto implica detectar as "falácias metafísicas" da tradição e analisar as experiências que estas ocultam, sem tentar refutá-las como meros erros lógicos ou científicos. Recuperamos a produtividade teórica do conceito de vontade na análise de Arendt sobre Agostinho. Discutimos a redenção da vontade através do amor ao mundo. Concluímos que o conceito de vontade indica que, graças às tensões que engendra, podemos "não-querer"; a não-vontade indica a possibilidade de resistir-se a uma ordem e a coisas dadas e dispõe-nos à mudança; a redenção da vontade através do amor, tal como proposta por Agostinho, pode ser entendida, numa reinterpretação de Arendt, como redenção através do amor ao mundo. Isto é possível se compreendermos a articulação entre o conceito de initium e principium e o conceito de mundo entendido como os amantes do mundo que o co-constituem.

Biografia do Autor

  • Ari Angelina Costamagna Fernández, Universidad Nacional de Córdoba

    Doutoranda e bolsista financiada pelo Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET), da Argentina. Licenciada e professora de Filosofia pela Universidad Nacional de Córdoba. Recebeu bolsas de iniciação à pesquisa do Conselho Interuniversitário Nacional (CIN). Este artigo foi escrito no âmbito de um doutorado sanduíche realizado na Universidade Estadual de Londrina, Brasil, financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

  • Maria Cristina Müller, UEL

    Pós-Doutora em Filosofia pela Universidade Federal de Goiás, Doutora em Filosofia pela UFSCar, Mestre em Filosofia pela PUCRS, Graduada em Filosofia pela Universidade de Passo Fundo/RS. Professora Associada da Universidade Estadual de Londrina/PR, Departamento de Filosofia. Professora do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UEL. Membro do GT Filosofia Política Contemporânea da ANPOF. Líder do Grupo de Pesquisa do CNPq Hannah Arendt e a Filosofia Política Contemporânea.

Referências

DE HIPONA, Agustín. “Del Espíritu y de la Letra”. En Obras de San Agustín. Tomo VI: Tratados sobre la gracia. Madrid: Biblioteca de autores cristianos. 1956. p. 675 a 815.

ARENDT, Hannah. La vida del espíritu (Trad. F. Birulés y C. Corral). Barcelona: Paidós. 2018.

ARENDT, Hannah. “¿Qué es la libertad?”. En: Entre el pasado y el futuro (Trad. A. Poljak). Buenos Aires: Ariel. 2016. p. 227 a 268.

ARENDT, Hannah. Sobre la revolución (Trad. Pedro Bravo). Buenos Aires: Paidós. 2014.

ARENDT, Hannah. “Sócrates”. En: La promesa de la política. Barcelona: Paidós. 2005. p. 43 a 75.

ARENDT, Hannah. El concepto de amor en San Agustín. Barcelona: Ediciones encuentro. 2001.

ARENDT, Hannah. From Machiavelli to Marx (Subject File, 1949-1975). Curso dictado en Cornell University, Ithaca, NY, 1965. The Hannah Arendt Papers at the Library of Congress, nº 023453. Disponible en: https://www.loc.gov/item/mss1105600965 Acceso: 17/07/2025.

BEINER, Richard. “Ensayo interpretativo”. En: Arendt, Hannah, Conferencias sobre la filosofía política de Kant (Trad. Carmen Corral). Argentina: Paidós. 2003. p. 157 a 270.

COSTAMAGNA, Ari. “Initium y principium: resonancias del Concepto de amor en San Agustín en La vida del espíritu”. En: MILOTICH, Alejandro y CHIRINO, Maximiliano, En la lengua materna. Ensayos sobre la vida del espíritu de Hannah Arendt. Córdoba: Colecciones del CIFFYH. 2023. p. 107 a 126.

GRAY, J. Glenn. “The abyss of freedom–and Hannah Arendt”. En: HILL, Melvyn (Ed.), Hannah Arendt: The recovery of the public world. New York: St. Martin’s Press. 1979. p. 225 a 244.

JACOBITTI, Susane. “Arendt and the will”. Political Theory, 16(1), 53-76. 1988.

LAFER, Celso. “Hannah Arendt y la afirmación de la libertad humana: el pensar, el querer y el juzgar en el pluralismo del ‘cogito’ arendtiano”. En: La reconstrucción de los derechos humanos. Un diálogo con el pensamiento de Hannah Arendt. Buenos Aires: FCE. 1991. p. 323 a 335.

MULLER, Maria Cristina. “Hannah Arendt, Leitora De Agostinho de Hipona”. Em: André Luiz Borges da Silva e Josi Joaquim Pereira Melo (Organizadores), Agostinho em Diálogo: Filosofia, Teologia, História e Educação. São Paulo: Fonte Editorial. 2019. p. 63 a 94.

TAMINIAUX, Jacques. “The Kehre and the Conflict between Thinking and Willing”. In: The Thracian maid and the professional thinker: Arendt and Heidegger. United States of America: Suny Press. 1997. p. 140 a 167.

TASSIN, Étienne. “El pueblo no quiere”. Al Margen. nº 21-22. p. 106- 119. 2007.

VECCHIARELLI SCOTT, Joanna & CHELIUS STARK, Judith. “Preface: Rediscovering Love and Saint Augustine”. En H. Arendt, Love and St. Augustine. Chicago: The University of Chicago Press. 1994. p. 7 a 20.

Publicado

07-10-2025

Como Citar

Costamagna Fernández, A. A., & Maria Cristina Müller. (2025). Perguntar pela liberdade: O impasse da vontade na A vida do espírito. Sofia , 14(2), e14249842. https://doi.org/10.47456/sofia.v14i2.49842