Os laicos e a conversão dos orientais nos séculos XIII e XIV
Abstract
Entre os séculos XIII e XIV, um grande número de viajantes cruzou os limites da cristandade a fim de percorrer os longos itinerários que conduziam ao leste asiático, onde se localizava a corte do soberano tártaro. A maior parte desses viajantes advinha das recém-criadas ordens mendicantes – principalmente a dos Pregadores e a dos Frades Menores –, cujo interesse crescente em conhecer e cristianizar os povos orientais se revelava também na produção de diferentes narrativas e tratados sobre aquelas terras. Os religiosos, no entanto, não foram os únicos que visitaram os domínios asiáticos nesse período. Dois conhecidos viajantes, Jean de Mandeville e Marco Polo, são os autores de relatos que alcançaram grande sucesso entre o público medieval, embora não possuíssem vínculos diretos com nenhuma ordem ou outra instituição religiosa. Este artigo pretende interrogar em que medida esses viajantes, procedentes de diferentes lugares sociais, partilharam expectativas e formas descrever os povos avistados. Para tanto, procuraremos entender até que ponto esses leigos que ambicionavam falar sobre as diversas religiões valeram-se de determinados tópicos e enunciados característicos de um discurso religioso para afirmar a legitimidade de suas narrativas.
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