Raiva canina no Brasil: um estudo epidemiológico dos casos recentes
Palavras-chave:
Raiva, Epidemiologia, Cobertura vacinal, Fatores epidemiológicosResumo
Introdução: A raiva é uma antropozoonose transmitida ao homem pela inoculação do vírus rábico presente na saliva e em secreções de animais infectados. Objetivos: Descrever os casos recentes de raiva canina no Brasil (2014-2016), as variantes antigênicas e coberturas vacinais relacionadas e os indicadores de desenvolvimento humano, pobreza e desigualdade, por região do país, a fim de avaliar as características das variáveis e a relação entre elas. Métodos: Estudo descritivo dos casos recentes de raiva canina no Brasil, obtidos de Boletins Epidemiológicos, Sistemas de Informação e acervo disponível publicamente na plataforma do Ministério da Saúde. Os Índices de Desenvolvimento Humano Municipais (IDHM), indicadores de pobreza e os Índices de Theil - L e Gini foram calculados para cada região do país. Resultados: A Região Nordeste apresentou o maior número de municípios afetados (18), apesar da alta cobertura vacinal contra a doença em cães (90,61%). Já a Região Sudeste apresentou índices de cobertura vacinal mais baixos (71,01%) e evidências de contribuição de morcegos no ciclo de transmissão da doença. Os baixos valores de IDHM e os maiores índices de pobreza e desigualdade da Região Nordeste sugerem que o menor desenvolvimento humano propicia a existência de condições ambientais de risco à saúde. Conclusão: Os morcegos apresentam maior contribuição no ciclo de transmissão da doença nas regiões mais desenvolvidas do país e com baixa cobertura vacinal. A prevalência de cães infectados na Região Nordeste pode ocorrer em função da maior renovação populacional desses animais, sendo necessários estudos complementares a respeito da demografia canina.
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