Anomalias dentárias associadas ao desenvolvimento do câncer colorretal: revisão integrativa
DOI:
https://doi.org/10.47456/rbps.v23i2.34255Palavras-chave:
Câncer Colorretal, Anormalidades dentárias, Proteína Axina, Genes APC, Síndrome de GardnerResumo
Introdução: Tanto a oligodontia/hipodontia, quanto a presença de hiperdontia na Síndrome de Gardner (SG) têm sido associadas ao desenvolvimento de Câncer Colorretal (CCR), com envolvimento dos genes AXIN2 e APC, respectivamente. Nessas condições, a evolução para CCR ocorre a partir de pólipos intestinais pré-existentes. Objetivos: Verificar a presença de evidência científica da associação de oligodontia/hipodontia e hiperdontia com o CCR, bem como a prevalência de evolução para CCR nesses quadros. Métodos: Revisão integrativa com levantamento de estudos nas bases de dados PubMed, SciELO, LILACS, Scopus e Embase sem restrição de idioma e ano de publicação. Resultados: Foram incluídos 16 artigos - 10 oligodontia/hipodontia e 6 de hiperdontia, todos com análise molecular para os genes. Dos 10 estudos com mutações no gene AXIN2, 3 (30%) evoluíram para CCR. Na SG em 1 estudo (16,6%) houve evolução para CCR. Com relação às anomalias, na SG a hiperdontia foi relatada em 4 estudos e dentes impactados em 6 estudos. Nos 10 estudos para o gene AXIN2 foram relatados oligodontia/hipodontia sendo os dentes mais ausentes o incisivo lateral superior, pré-molares e molares. Conclusão: A prevalência de CCR foi maior em pacientes com oligodontia/hipodontia. Embora ainda não se possa fazer a associação do CCR com a presença dessas anomalias dentárias têm-se na literatura fortes indicadores dessa correlação. Por isso, o papel do cirurgião-dentista é fundamental na identificação de pacientes com hiperdontia e oligodontia/hipodontia para o encaminhamento e realização do rastreamento e tratamento precoce de pólipos adenomatosos.
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