RESPONSABILIDADE DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO PARA AS APRENDIZAGENS DOS ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS: UM ESTUDO NUMA ESCOLA DO 1.º CICLO DO ENSINO REGULAR EM PORTUGAL
Résumé
O presente artigo apresenta parte de um estudo mais amplo sobre a avaliação dos alunos com necessidades especiais, desenvolvido no 1.º Ciclo do ensino básico em Lisboa – Portugal. Foi nosso objetivo compreender de quem é a responsabilidade pelo processo de avaliação para as aprendizagens dos alunos com necessidades educativas especiais. Defender a igualdade de oportunidades dos alunos com necessidades educativas especiais é assumir o direito à aprendizagem de todos os alunos, na construção de respostas curriculares que tenham em conta a diversidade. A discussão sobre o direito à aprendizagem remete para práticas de avaliação para as aprendizagens inclusivas. Em Portugal, na maioria das escolas, a ação de diversos profissionais com formação em áreas disciplinares diferenciadas torna a colaboração no decorrer do ato avaliativo um tópico de interesse pertinente. A metodologia de índole eminentemente interpretativa e qualitativa usou como recolha de dados a observação, a entrevista semiestruturada e a recolha documental. A análise dos dados dá-nos conta de alguma tensão no que respeita ao desenvolvimento de processos de avaliação para as aprendizagens em colaboração e partilhados. A colaboração, assumida em diversas narrativas, apresenta-se no plano normativo, prescritivo e do desejável. No entanto, os discursos denotam práticas de avaliação que, podendo ser multidisciplinares, são eminentemente individuais. No geral as narrativas elegem o professor de educação especial como o responsável pela avaliação, seja como principal ator, seja como facilitador na partilha de informação entre os diversos profissionais.
Téléchargements
Références
AGRUPAMENTO DE ESCOLAS. Regulamento interno (documento policopiado). Lisboa: Agrupamento de Escolas, 2009.
ANTUNES, I. et al. Um caminho de sucesso – diário de uma turma inclusiva. Lisboa: Casa Pia de Lisboa, 2009.
BANDURA, A. Social foundations of thought and action: a social cognitive theory. Englewood: Prentice Hall, 1986.
BORDAS, M. I.; CABRERA, F. A. Estrategias de evaluación de los aprendizajes centrados en el proceso. Revista Española de Pedagogia, Año 59, n. 218, p. 25-48, 2001.
BORDONI, T. Descoberta de um universo: a evolução do desenho infantil. Belo Horizonte: Linha Direta, 2000.
BRUNER, J. Cultura da educação. Lisboa: Edições 70, 2000.
CAPITA, A. M. H. La Evaluación de los procesos de enseñanza-aprendizaje. innovación y experiencias educativas, v. 16, p. 23-36, 2009.
COCHITO, M. I. G. S. Cooperação e aprendizagem: educação intercultural. Lisboa: ACIME, 2004.
COLÔA, J.; SANTOS, L. Da Natureza do conceito de avaliação pedagógica de alunos do 1.º ciclo com necessidades educativas especiais. Da Investigação às Práticas, v. 5, n. 2, p. 87-111, 2014.
COLÔA, J. Avaliação pedagógica de alunos com necessidades especiais: da diversidade da avaliação à avaliação da diversidade. In: VICTOR, S. L.; OLIVEIRA I. M. de (Orgs.). Educação especial na perspetiva da educação inclusiva: conceções e práticas educativas. Marília: ABPEE. 2016. p. 117-136.
CRUZ, V. Educação cognitiva para a inclusão. Cadernos de Educação de Infância, N. 69, p. 9-14, 2004.
EUROPEAN AGENCY FOR DEVELOPMENT IN SPECIAL NEEDS EDUCATION. Processo de avaliação em contextos inclusivos: questões-chave para políticas e práticas. Dinamarca: European European Agency for Development in Special Needs Education, 2008.
______. Processo de avaliação em contextos inclusivos: avaliação para a aprendizagem e alunos com necessidades educativas especiais. 2008a. Disponível em: <www.european-agency.org.>. Acesso em: 8 abr. 2010.
______. Processo de Avaliação em Contextos Inclusivos – Implementação do Processo de Avaliação Inclusiva. 2008b. Disponível em: <www.european-agency.org.>. Acesso em: 8 abr. 2010.
FERNANDES, D. Para uma teoria da avaliação formativa. Revista Portuguesa de Educação, v. 19 n. 2, p. 21-50, 2006.
FIGARI, G.; REMAUD, D. Méthodologie d’évaluation en éducation et formation: ou l’enquête évaluative. Bruxelles: DeBoeck, 2014.
HABERMAS, J. Teoría de la acción comunicativa II. Madrid: Taurus, 1987.
HALLAHAN, D.; KAUFFMAN, J. From mainstreaming to collaborative consultation. Austin: Pro-Ed, 1994.
HATTIE, J.; TIMPERLY, H. The power of feedback. Review of Educational Research, v. 77, n. 1, p. 81-112, 2007.
HELIOS II. Guia europeu de boas práticas – rumo à igualdade de oportunidades para pessoas com deficiência. Bruxelas: Comissão Europeia, 1996.
HESPANHA, C. A Avaliação questão de "medida"? Questão de desenvolvimento pessoal e social. Noesis, n. 23, p. 47-50, 1992.
ISAACS, T. et al. Key concepts in educational assessment. London: SAGE, 2013.
LAGO, Z. Avaliação das aprendizagens: metodologias e práticas que possibilitam avanços. In: MELO, M. M. (Org.). Avaliação na educação. Pinhais: Editorial Melo, 2007, p. 257-264.
MAGENDZO, A. El derecho a la educación: una reflexión desde el paradigma crítico y la educación en derechos humanos. 2001. Disponível em: <http://mt.educarchile.cl/MT/amagendzo/>. Acesso em: 24 ago. 2010.
NIZA, S. Escritos sobre educação. Lisboa: Tinta da China, 2012.
PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.
PIERANGELO, R.; GIULIANI, G. Assessment in special education: a practical approach. New Jersey: Pearson, 2009.
PINTO, J.; SANTOS, L. Modelos de avaliação das aprendizagens. Lisboa: Universidade Aberta, 2006.
PORTER, G.; AINSCOW, M. Organização das escolas: conseguir o acesso e a qualidade através da inclusão. In: AINSCOW, M.; PORTER, G.; WANG, M. (Orgs.). Caminhos para as escolas inclusivas. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional. 1997. p. 33-48.
ROGERS, C. Freedom to Learn. Columbus: Merril, 1969.
RYAN, K. E.; COUSINS, J. B. The Sage International Handbook of Educational Evaluation. Thousand Oaks: Sage, 2009.
SANTOS, L. Dilemas e desafios da avaliação reguladora. 2007. Disponível em:<http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/msantos/2007.pdf.>. Acesso em: 29 maio 2010.
SERPA, M. S. D. Compreender a avaliação – fundamentos para práticas educativas. Lisboa: Colibri, 2010.
SPINELLI, C. G. Classroom assessment for students with special needs in inclusive settings. New Jersey: Merrill Prentice Hall, 2002.
STUFFLEBEAM, D. L’Evaluation en education et la prise de décision. Ottawa: Editions NHP, 1980.
TRINDADE, A. R.; COLÔA, J. Breve análise de dados sobre necessidades especiais de educação do ano letivo 2010/2011 ao ano letivo 2014/2015. Educação Inclusiva, v. 6, n.º 2, p. 21-23, 2015.
UNESCO. Changing teaching practices-using curriculum differentiation to respond to students diversity. Paris: UNESCO, 2004.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
VYGOTSKY, L. S. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. In: LÚRIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. (Orgs.). Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1988, p. 103-117.