INCLUSÃO ESCOLAR EM TEMPOS DE PÓS-PANDEMIA
Resumo
Em tempos de pós-pandemia as escolas objetivaram funções que vão muito além dos processos de ensino e de aprendizagem e confrontam-se com novos desafios. Os alunos mais vulneráveis indiciam dificuldades acrescidas no que respeita ao acesso a oportunidades de aprendizagem bem como no acesso a serviços imprescindíveis tanto para si como para as suas famílias. Os discursos da diversidade e da Inclusão Escolar presentes nas políticas que têm resultado, substancialmente, em ações remediativas e conjunturais não prefiguram a capacidade de inverter o ciclo de pobreza e de exclusão que, a médio e longo prazo, poderão marcar grupos minoritários já antes desfavorecidos. Os discursos neoliberais continuam a apropriar-se do racional que tem corporizado o conceito de Inclusão para justificar respostas fragmentadas que tendem a desregular os sistemas educativos e que, em nome da Inclusão Escolar, acentuarão os perigos de exclusão crónica. Os sistemas educativos são organismos complexos e dinâmicos que apelam a políticas e práticas que apoiem, de forma sustentável, o seu crescimento para, enquanto serviço público, proverem a participação e equidade de todos os alunos. Premissa para que o crescimento e equilíbrio dos próprios alunos seja também dinâmico e um projeto singular ao longo de todos os seus ciclos de vida. A Inclusão Escolar realiza-se como o coração do Desenvolvimento Sustentável porque substantiva a educação de qualidade, equitativa, divergente e aglutinadora de processos intersectoriais e interserviços. O presente texto reflete sobre estes pressupostos e descreve aspetos da realidade de Portugal integrada numa dialética mais abrangente e global.