Burning Man: arte, política e economia em uma matriz das relações corporativas e cibernéticas contemporâneas
Burning Man: art, politics and economics in a matrix of contemporary corporate and cybernetic relations
DOI:
https://doi.org/10.47456/simbitica.v10i1.38136Palavras-chave:
Burning Man, Zona Temporária Autônoma, economia da dádiva, GoogleResumo
O presente artigo aborda o festival Burning Man, fundado em 1986 e sediado anualmente no deserto Black Rock (EUA), como um laboratório social e tecnológico a céu aberto, onde são elaboradas muitas das orientações ideológicas e técnicas reproduzidas pelo mundo corporativo e cibernético contemporâneo. Parte-se de uma revisão da literatura acerca da gênese histórica do festival e de seus princípios norteadores para se compreender, por meio de uma abordagem ensaística, a incorporação do Burning Man pelos gestores do Vale do Silício, com destaque para a influência que o festival exerce sobre a plataforma Google e suas formas particulares de organização do trabalho e de tecnologia cibernética. A partir dessa relação específica, chega-se a um entendimento do Burning Man como uma “infraestrutura cultural” de larga escala, correlacionada às injuntivas contemporâneas que invadem o mundo do trabalho e das redes.
Palavras-chave: Burning Man; Zona Temporária Autônoma; economia da dádiva; Google.
ABSTRACT
This article discusses the Burning Man festival, founded in 1986 and held annually in the Black Rock desert (USA), as an open-air social and technological laboratory, where many of the ideological and technical guidelines reproduced by the contemporary corporate and cyber world are elaborated. It presents a literature review about the historical genesis of the festival and its guiding principles to understand, through an essayistic approach, the incorporation of Burning Man by Silicon Valley managers, with emphasis on the influence that the festival have on Google and its particular forms of work organization and cybernetic technology. From this specific relationship, we reach an understanding of Burning Man as a large-scale “cultural infrastructure”, correlated with the contemporary injunctions that invade the world of labor and networks.
Keywords: Burning Man; Temporary Autonomous Zone; gift economy; Google.
RESUMEN
Este artículo aborda el festival Burning Man, fundado en 1986 y celebrado anualmente en el desierto de Black Rock (EE.UU.), como un laboratorio social y tecnológico al aire libre, donde se elaboran muchos de los lineamientos ideológicos y técnicos reproducidos por el mundo corporativo y cibernético contemporáneo. Se parte de una revisión bibliográfica sobre la génesis histórica del festival y sus principios rectores para comprender, através de un enfoque ensayístico, la incorporación de Burning Man por parte de los directivos de Valle del Silicio, con énfasis en la influencia que el festival ejerce sobre Google y sus particulares formas de organización del trabajo y la tecnología cibernética. A partir de esta relación específica, llegamos a entender el Burning Man como una "infraestructura cultural" a gran escala, correlativa a los mandatos contemporáneos que invaden el mundo del trabajo y las redes.
Palabras-clave: Burning Man; Zona Temporalmente Autonoma; economía del don; Google.
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