O que fazer com toda essa gente preta? Racismo científico e cativeiros do pós-abolição

Autores

  • Carolina de Oliveira e Silva Cyrino Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
  • Pâmela Marconatto Marques Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
  • José Carlos Gomes dos Anjos Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.47456/simbitica.v9i2.39244

Resumo

Este trabalho debruça-se sobre o período pós-abolição, da Primeira República, durante o qual paradigmas de aperfeiçoamento da nacionalidade foram formulados a partir de propostas de redução étnica progressiva. Uma população antes escravizada, cuja condição humana estivera cancelada, via-se recém liberta, convivendo com a sociedade livre. O que fazer com toda essa gente preta? O racismo científico trazia respostas. Analisaremos, aqui, discursos que emergiram como espaço de invenção de teorias científicas a fim de respaldar a ideia de “aperfeiçoamento humano” através da eliminação do seu “componente degenerativo”. Trata-se de um acervo composto por documentos, manuais e periódicos elaborados pelos médicos João Batista Lacerda e Renato Kehl, que, em que pese suas diferentes abordagens, questionaram o caráter humano da população preta, promoveram cisões entre segmentos racializados e apontaram possibilidades da eliminação gradual de sua expressão genética e/ou cultural simultaneamente genocidas e civilizatórias.

Palavras-chave: Racismo científico; Pós-abolição; Eugenia.

 

Abstract

This paper focuses on the post-abolition period of the First Republic, during which paradigms for nationality improvement were formulated based on proposals for progressive ethnic reduction. A population that had previously been enslaved, whose human condition had been canceled, found itself just liberated, living among the free society. What to do with all these black people? Scientific racism brought answers. The main goal of this work is to analyze speeches that emerged as a space for the invention of scientific theories in order to support the idea of ​​“human improvement” through the elimination of its “degenerative component”. It is a collection composed of documents, manuals and periodicals prepared by doctorsJoão Batista Lacerda and Renato Kehl, who, despite their different approaches, questioned the human character of the black population, promoted divisions between racialized segments and pointed out possibilities of elimination of their genetic and/or cultural expression, simultaneously genocidal and civilizing.

Keywords: Scientific racism; Post-abolition; Eugenia.

 

Resumen

Este trabajo se dedica al período posterior a la abolición de la esclavitud, de la Primera República, durante el cual se formularon paradigmas de mejoramiento la nacionalidad a partir de propuestas de reducción étnica progresiva. Una población previamente esclavizada, cuya condición humana había sido cancelada, se encontraba recién-liberta, conviviendo con la sociedad libre. ¿Qué hacer con toda esta gente negra? El racismo científico trajo respuestas. Analizaremos, aquí, los discursos que emergieron como espacio de invención de teorías científicas con el fin de apoyar la idea de “mejoramiento humano” mediante la eliminación de su “componente degenerativo”. Se trata de una colección compuesta por documentos, manuales y periódicos elaborados por los doctores João Batista Lacerda y Renato Kehl, quienes, a pesar de sus diferentes enfoques, cuestionaron el carácter humano de la población negra, promovieron divisiones entre segmentos racializados y señalaron posibilidades de eliminación gradual de la expresión génica y/o cultural a la vez genocida y civilizadora.

Palabras-clave: Racismo científico; Post-abolición; Eugenia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Carolina de Oliveira e Silva Cyrino, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil

Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Pesquisadora do Laboratório Urgente de Teorias Armadas (LUTA), vinculado ao Núcleo de Estudo Afro-brasileiros, Africanos e Indígenas (NEABI-UFRGS)

Pâmela Marconatto Marques, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil

Possui pós-doutorado e Doutorado em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural e do Departamento de Relações Internacionais, ambos da UFRGS e do Laboratório Urgente de Teorias Armadas (LUTA), vinculado ao Núcleo de Estudo Afro-brasileiros, Africanos e Indígenas (NEABI-UFRGS)

José Carlos Gomes dos Anjos, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil

Possui pós-doutorado na École Normale Superieure de Paris. Doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural, ambos da UFRGS. Colaborador na fundação do curso de Desenvolvimento Rural (Doutorado) na Universidade de Cabo Verde, coordenador do Laboratório Urgente de Teorias Armadas (LUTA), vinculado ao Núcleo de Estudo Afro-brasileiros, Africanos e Indígenas (NEABI-UFRGS)

Downloads

Publicado

03-10-2022

Como Citar

Cyrino, C. de O. e S., Marques, P. M., & Anjos, J. C. G. dos. (2022). O que fazer com toda essa gente preta? Racismo científico e cativeiros do pós-abolição. Simbiótica. Revista Eletrônica, 9(2), 23–49. https://doi.org/10.47456/simbitica.v9i2.39244

Edição

Seção

Dossiê