A educação das formigas

extremas direitas e redes sociais

Autores

  • Bruno Antonio Picoli Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Roberta Guimarães Universidade Federal da Fronteira Sul

DOI:

https://doi.org/10.47456/simbitica.v12i3.49058

Palavras-chave:

extrema direita, idolatria, redes sociais, subjetiviades

Resumo

O artigo parte da indagação: qual o educativo na atuação das extremas direitas contemporâneas nas redes sociais e quais são suas implicações para o futuro das democracias? Para enfrentá-la faz uso das ideias de Idolatria (Souza, 2020) e de regime de informação (Han, 2018). Está organizado em três momentos. No primeiro momento, procura compreender o reacionarismo a partir do processo de digitalização da vida. No segundo, são analisados três casos: o Movimento 5 Estrelas na Itália, a campanha de Donald Trump em 2016 nos Estados Unidos e a atuação da Jovem Pan no Brasil. Juntos, esses casos demonstram como lideranças e movimentos reacionários se valeram dos ambientes digitais para manipular informações e consolidar seu poder político. Já o terceiro momento propõe uma reflexão sobre os efeitos desses movimentos, problematizando os impactos da radicalização política e da desinformação sobre o espaço público e a própria ideia de democracia. Conclui-se que as extremas direitas contemporâneas operam sob a aparência de liberdade e espontaneidade, educando os sujeitos para uma concepção quantitativa da “verdade”, para a naturalização das relações de mercado e para uma ideia de democracia como imposição da vontade da maioria sobre as minorias

Biografia do Autor

  • Bruno Antonio Picoli, Universidade Federal da Fronteira Sul

    Doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil. Pesquisa com fomento pelo Edital Nº 154/GR/UFFS/2024 de Fomento à Pesquisa com ênfase na Pós-Graduação Stricto Sensus. Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Chapecó. Co-líder do Grupo de Pesquisa em Educação, Violência e Democracia (GRUPEVD)

  • Roberta Guimarães, Universidade Federal da Fronteira Sul

    Mestre em Educação pela Universidade Federal da Fronteira Sul, Brasil. Pesquisa financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina. Professora da rede ensino básico de Santa Catarina, Brasil, e membro do Grupo de Pesquisa em Educação, Violência e Democracia

Referências

ABRAHAMSEN, Rita; DROLET, Jean François; WILLIAMS, Michael; VUCETIC, Srdjan; NARITA, Karin; GHECIU, Alexandra. (2024). World of the Right: Radical Conservatism and Global Order. Cambridge, Cambridge University Press.

ADORNO, Theodor. (1995). Educação e emancipação. Rio de Janeiro, Paz e Terra.

ADORNO, Theodor. (2015). “Teoria freudiana e o padrão da propaganda fascista”, in T. Adorno. Ensaios sobre psicologia social e psicanálise. São Paulo, Unesp, pp. 153-190.

ADORNO, Theodor. (2020). Apectos do novo radicalismo de direita. São Paulo, Unesp.

ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. (1985). Dialética do esclarecimento. São Paulo, Companhia das Letras.

ARENDT, Hannah. (2017) A condição humana. 13º ed. Rio de Janeiro, Forense Universitária.

CHAUÍ, Marilena. (2021). Cidadania cultural: política cultural e cultura política novas. Belo Horizonte, Autêntica.

DOMÍNGUEZ, Íñigo. (2024). “El Movimiento 5 Estrellas cierra una época en Italia al destituir a su fundador, el cómico Beppe Grillo”. El País Itália. [Consult. 26-06-2025]. Disponível em: https://elpais.com/internacional/2024-12-09/el-movimiento-5-estrellas-cierra-una-epoca-en-italia-al-destituir-a-su-fundador-el-comico-beppe-grillo.html?utm_source=chatgpt.com

DOS SANTOS, João Guilherme B.; CHAGAS, Viktor. (2018). “Direita transante: enquadramentos pessoais e agenda ultraliberal do MBL”. MATRIZes, v. 12, n. 8, pp. 189-214. [Consult. 26-06-2025]. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v12i3p189-214

EMPOLI, Giuliano. (2019). Os engenheiros do caos: como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições. Belo Horizonte, Vestígio.

EVANGELISTA, Rafael. (2025). “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos: as mudanças nas políticas da Meta e a tomada da Casa Branca pelo Vale do Silício”. Revista Elerônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde, v. 19, n. 1, pp. e5033. [Consult. 26-06-2025]. Disponível em: https://doi.org/10.29397/reciis.v19i1.5033

FORTI, Steven. (2024). “Extreme Rights 2.0, A Big Global Family”. NACLA Report on the Americas, v. 56, n. 1, pp. 20-27. [Consult. 26-06-2025]. Disponível em: https://doi.org/10.1080/10714839.2024.2323396

GUILHERME, Alexandre A.; PICOLi, Bruno A. (2017). “Redes sociais e educação informal: entre o cenário da vila e o pensamento crítico”. Diálogos Latinoamericanos, n. 26, pp. 23-37. [Consult. 26-06-2025]. Disponível em: https://repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/21172/2/Redes_sociais_e_educao_informal_entre_o_scemo_del_villaggio_e_o_pensamento_crtico.pdf

GUILHERME, Alexandre A.; PICOLI, Bruno A. (2021) “Neoliberalism and Education in the Global South: A New Form of Imperialism.” In Ness Immanuel; Cope Zak. (Org.). The Palgrave Encyclopedia of Imperialism and Anti-Imperialism. 2ed. Cham, Springer International Publishing, v. 1, pp. 1-13. Disponível em: https://link.springer.com/rwe/10.1007/978-3-319-91206-6_144-1

GUIMARÃEs, Roberta. (2025). Em nome da “nossa liberdade”: reacionarismo, youtube e implicações educacionais para a democracia. Dissertação (Mestrado em Educação) – PPGE, UFFS, Chapecó, 132 p. Disponível em: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/8535

GUR-ZE’EV, Ilan. (2002). “É possível uma educação crítica no ciberespaço?”. Comunicações, v. 9, n. 1, pp. 72-98. [Consult. 26-06-2025]. Disponível em: https://www.metodista.br/revistas/revistas-unimep/index.php/comunicacoes/article/view/1569/982.

HAN, Byung-Chul. (2018). No enxame: perspectivas do digital. Petrópolis, Vozes.

HAN, Byung-Chul. (2022). Infocracia: digitalização e a crise da democracia. Petrópolis, Vozes.

HINKELAMMERt, Franz. (1983). As armas ideológicas da morte. São Paulo: Paulinas.

Hobsbawm, Eric. (1997). “Introdução: a invenção das tradições”, in E. Hobsbawm e E. R. Terence (orgs). A invenção das tradições. 6ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, pp. 9-24.

JAPPE, Anselm. (2021). A sociedade autofágica: capitalismo, desmesura e autodestruição. São Paulo, Elefante.

LANIER, Jaron. (2018). Dez argumentos para você deletar agora suas redes sociais. São Paulo, Intrínseca.

LAVAL, Christian; DARDOT, Pierre. (2016). A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo, Boitempo.

LÉVY, Pierre. (2010). Cibercultura. São Paulo, Editora 34.

LILLA, Mark. (2016). A mente naufragada: sobre o espírito reacionário. Rio de Janeiro, Record.

LORIMER, Marta; JONGE, Leonie de; GRIFFINI, Marianna. (2025) “Snap Out of It? Governmental Instability and Far-Right Mainstreaming in the Dutch and French Elections of 2023/2024”. Journal of Common Market Studies, pp. 1-15. [Consult, 14-10-2025]. Disponível em: https://doi.org/10.1111/jcms.70004

MADARIAGA, Aldo. (2019). “La continuidad del neoliberalismo en Chile”. Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américas, v. 13, n.2, pp. 81-113. [Consult. 26-06-2025]. Disponível em: https://doi.org/10.21057/10.21057/repamv13n2.2019.23217

MAMMONE, Andrea. (2015).Transnational neofascism in France and Italy. Cambridge, Cambridge University Press.

MINKENBERg, Michael. (2011). The radical right in Europe: An overview. Gütersloh, Bertelsmann Stiftung.

MOUFFe, Chantal. (2019). “The populist moment”. Simbiótica, v. 6, n. 1, pp. 06-11. [Consult. 26-06-2025]. Disponível em https://www.redalyc.org/journal/5759/575961686004/

NAZARENO, Marcelo; BRUSCO, Valeria. (2024). “Derecha radical y subjetividad política en la Argentina. Qué hay detrás del voto a Javier Milei”. POSTData, v. 28, n. 2. pp. 227-251. [Consult. 26-06-2025]. Disponível em: https://revistapostdata.com.ar/index.php/postdata/article/view/1

O’NEIL, Cathy. (2016). Weapons of math destruction: how big data increases inequality and threatens democracy. New York, Broadway Books.

PAULO, Diego M. D. (2020). “Os mitos da Brasil Paralelo–uma face da extrema direita brasileira (2016-2020)”. Revista Brasileira de Estudos Latino-Americanos, v. 10, n. 1, pp. 101-110. [Consult. 26-06-2025]. Disponível em: https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/rebela/article/view/4180

PICOLI, Bruno A.; RADAELLI, Samuel M. (2024). “Novidade sem o Novo: educação e inovação no neoliberalismo”. Revista Espaço Pedagógico, v. 31, pp. e16169. [Consult. 26-06-2025]. Disponível em: https://doi.org/10.5335/rep.v31.16169

PICOLI, Bruno A.; CHITOLINA, Vanessa; GUIMARÃEs, Roberta. (2020). “Revisionismo histórico e educação para a barbárie: a verdade da ‘Brasil Paralelo’”. Revista UFG, v. 20, pp. e64896. [Consult. 26-06-2025]. Disponível em: https://doi.org/10.5216/revufg.v20.64896

PLÁ, Sabastián. (2022). Investigar la educación desde la educación. Madri: Morata.

POLANYI, Karl. (2021). A grande transformação: as origens políticas e económicas do nosso tempo. Lisboa, Edições 70.

RADAELLI, Samuel M. (2022). Direcionário: o dicionário reacionário. Porto Alegre, Artes e ofícios.

RODRÍGUEZ PÉREZ, Isaura. (2024). “Discursos de odio en X: aproximación a los mensajes de Javier Milei y el espacio político La Libertad Avanza”. Revista Más Poder Local, v. 58, n. 1, pp. 48-69. [Consult. 26-06-2025]. Disponível em https://doi.org/10.56151/maspoderlocal.233

SANTOS, Rodrigo O. (2022). “Algoritmos, engajamento, redes sociais e educação”. Acta Scientiarum. Education, v. 44, e52730. [Consult. 26-06-2025]. Disponível em: http://educa.fcc.org.br/pdf/actaeduc/v44/2178-5201-aseduc-44-e52736.pdf

SILVA, Jaqueline A.; MOREIRA, Carla B. (2021). “‘Nazismo é de esquerda’: implicações discursivas, silencianto e memória”, in F. Galli et al. (orgs). Práticas contemporâneas em análise de discurso. Recife, Editora UFPE, pp. 122-136.

SMULYAN, Harold; PINALS, Robert; PINALS, Lisa; VILLARREAL, Daniel. (2017). “Wireless: The Life and Death of Guglielmo Marconi”. The American Journal of the Medical Sciences, v. 353, n. 6, pp. 511–515. [Consult. 26-06-2025]. Disponível em https://doi.org/10.1016/j.amjms.2016.12.022

SPINOZA, Baruch. (2009). Ética. Belo Horizonte, Autêntica.

SOUZA, Ricardo T. (2020). Crítica da Razão Idolátrica: tentação de Thanatos, necroética e sobrevivência. Porto Alegre, Zouk.

SUMPTER, David. (2019). Dominados pelos números: do Facebook e Google às fake news, os algoritmos que controlam nossa vida. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil.

ZUBOFF, Shoshana. (2021). A era do capitalismo de vigilância. Rio de Janeiro, Intrínseca.

Downloads

Publicado

29-12-2025

Edição

Seção

Dossiê

Como Citar

A educação das formigas: extremas direitas e redes sociais. (2025). Simbiótica. Revista Eletrônica, 12(3), 41-68. https://doi.org/10.47456/simbitica.v12i3.49058