Chamada pública para Temporalis n.47 - primeiro semestre de 2024

25-04-2023

A política de educação no Brasil tem sido historicamente um dos campos mais fecundos de pesquisa em diversificadas áreas do conhecimento, dentre as quais o Serviço Social. A preocupação com essa política pública decorre de sua universalidade legalmente constituída que, no entanto, não se materializa concretamente dadas as contradições próprias do capitalismo dependente. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) realizada pelo IBGE em 2019, a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade foi estimada em 6,6%, correspondendo a aproximadamente 11 milhões de analfabetos. A essa informação é imperativo ainda acrescentar que a maior taxa de analfabetismo do país segue concentrada nos estados da Região Nordeste (13,9%) e afetando, em maiores proporções, pessoas pretas ou pardas (8,9%) quando comparada à mensurada entre pessoas brancas (3,6%).

A superexploração da força de trabalho e o decorrente processo de concentração e centralização da riqueza socialmente produzida, engendram profundas desigualdades que, sem dúvida, determinam essa dificuldade no acesso e permanência de crianças, adolescentes, jovens e adultos de setores da classe trabalhadora nas instituições educacionais, contribuindo não só para o analfabetismo, mas para a evasão e uma série de violações de direitos em todos os níveis da educação.

Diante da necessidade de refletir sobre esses determinantes históricos da educação no Brasil e suas atualizações no cenário contemporâneo, convidamos pesquisadores(as), profissionais do Serviço Social e áreas afins ao compartilhamento de suas análises a respeito da temática por meio do número 47 da Revista Temporalis.

A seguir, alguns tópicos relevantes para a referida edição:

Características e trajetória da política educacional no Brasil; caráter classista, elitista e racialmente discriminatório do sistema educacional brasileiro; neoliberalismo, emenda Constitucional 95 e as alterações no financiamento da educação no Brasil; a necessidade de enfrentamento à gestão conservadora da educação no período recente: “escola sem partido” e reformas educacionais resultantes no “novo ensino médio”; violências e assédios no campo da educação e a militarização das unidades educacionais; os desafios para o movimento sindical na área da educação; condições de trabalho docente e formação profissional no contexto da universidade brasileira contemporânea; intensificação da produtividade dos/as trabalhadores/as da educação; consequências do ensino remoto emergencial e uso de tecnologias da informação no ensino brasileiro; índices de evasão e as políticas de enfrentamento à desigualdade socioeducacional; o binômio acesso X permanência, análises sobre as políticas de ações afirmativas com ênfase nas cotas raciais; análises sobre políticas e programas de assistência estudantil; atribuições, desafios e perspectivas do trabalho de assistentes sociais na educação;  disputas em torno de projetos para a educação brasileira e os desafios do pensamento crítico.

Comitê editorial da Temporalis