Reificações da “questão social”: armadilhas do capital em tempos de crise estrutural
DOI:
https://doi.org/10.22422/2238-1856.2017v17n34p461-483Resumo
O estudo de revisão crítica ora apresentado toma como objeto de investigação a “questão social”, e, no seu interior, aponta como objetivo problematizar suas reificações, frente ao contexto de crise estrutural do sistema sociometabólico do capital, indicando, ligeiramente, como tal processo de mistificação alcança o Serviço Social e deve ser pela profissão enfrentado. A análise está fundamentada no arcabouço teórico-metodológico do materialismo histórico-dialético imanente ao pensamento de Marx e configura-se como uma pesquisa bibliográfica, cuja fundamentação dá-se pelas contribuições de estudiosos selecionados, listados ao longo do debate. Assim, o trabalho estrutura-se em quatro seções, além das conclusões: na primeira, justifica-se a escolha pelo método em Marx, tendo por base a sua afinidade com relação às análises críticas da “questão social”; na segunda, contornam-se as noções brasileira e francesa acerca da categoria “questão social”; na terceira, trata-se das novas configurações assumidas pelo capital em tempos de crise estrutural, enquanto panorama de fundo da “questão social”; na quarta, discute-se a “questão social” na sociedade capitalista contemporânea e suas particularidades no Brasil, versando, por conseguinte, sobre o enfrentamento da “questão social” na contemporaneidade e as perigosas armadilhas reificadoras que prometem sua resolução, relacionando-se isto à atuação do Serviço Social; e, por último, são apresentadas as considerações finais, que põem em relevo a premência do assistente social ter o domínio histórico, teórico, metodológico, técnico e ético a respeito da “questão social”; pois, do contrário, corre o risco de enviesar o seu “fazer profissional”.
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