Serviço Social e a nova morfologia do trabalho: implicações do trabalho subordinado às TICs
DOI:
https://doi.org/10.22422/temporalis.2024v24n48p13-28Palavras-chave:
Nova morfologia do trabalho, Perfil profissional , Racismo institucional, Tecnologia digitalResumo
O objetivo desse artigo é apresentar os eixos analíticos que vêm norteando as reflexões do Núcleo de Estudos e Pesquisas Trabalho e Profissão (Netrab) do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da PUC-SP. As elaborações orientam-se pela hipótese de que há no Serviço Social uma nova morfologia do trabalho, que provoca profundas transformações do trabalho assalariado no contexto do capitalismo monopolista neoliberal em crise, num mundo globalizado sob a égide das finanças. Tal dinâmica impulsiona a mercadorização dos serviços públicos e a expansão das tecnologias digitais, que reconfiguram a natureza e o processamento do trabalho, bem como imprimem novas condições de reprodução da força de trabalho generificada e racializada de assistentes sociais, submetida a situações de desgaste mental e racismo institucional. O texto tem como base as pesquisas desenvolvidas pelo Netrab e conclui que para enfrentar criticamente o debate sobre o uso das TICs no trabalho profissional é preciso superar o fetiche da tecnologia e disputar seu uso na direção dos interesses do trabalho e não do capital.
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