Rei Congo foi pra guerra, ai meu Deus como será? Explorando experiências de negociação entre pessoas escravizadas e senhores na Insurreição do Queimado e na origem do ciclo folclórico das bandas de congo no Espírito Santo

Autores/as

  • Michel Dal Col Costa Cefope/Sedu

DOI:

https://doi.org/10.46812/e-2020310205

Palabras clave:

Escravidão no Espírito Santo, Insurreição de Queimado, Bandas de Congo

Resumen

Este artigo busca sistematizar algumas impressões obtidas em pesquisas sobre a escravidão e a cultura popular na região central do Espírito Santo.  Serão revisitados dois fatos marcantes da história local com um esforço de identificar um nexo histórico e narrativo entre eles. O primeiro fato é a Insurreição do Queimado, uma revolta escrava ocorrida em uma das freguesias da Comarca capital da província, Vitória, em 1849. E o segundo fato é um conjunto de festas e folguedos populares com origem na população negra, surgidas no período da escravidão e permanentes até os dias atuais em uma área cultural que abrange grande parte do Espírito Santo. Para tanto, o trabalho apresentará, primeiramente, a revolta e desvendará um pouco das características históricas da região na qual ela ocorreu, depois serão apresentados aspectos da origem e da descrição do ciclo folclórico das bandas de congo.

Descargas

Citas

Fontes

DOCUMENTO da Associação das Bandas de Congo da Serra. Histórico da criação dos festejos de são Benedito da Serra e o primeiro Congo criado pelos escravos. Autor desconhecido ainda. Sem data. Serra/ES.

AALES. Lei nº 15 sobre proibição de puxar e levantar mastros. 27 de fevereiro de 1835. Vitória. Livro um de Leis para serem sancionadas. 1835 a 1840.

AALES. Lei Nº 3 Revogação da lei Nº 10 de 13 de abril de 1835 sobre puxamento e levantamento de mastros. Paço da Assembleia Provincial. 28 de maio de 1844. Vitória. - Livro dois de Projetos de Leis a Sanção de 1840 a 1852. Pasta três.

APEES. Processos sobre tráfico ilegal de escravos posterior a lei de 1850. FG. SA. Caixa 66.

ROSA, Afonso Cláudio de Freitas. Insurreição do Queimado. 2º Ed. Coleção José Costa. Vitória: Edufes: Secretaria Municipal de Cultura: Secretaria Municipal de Segurança Pública, 1999.

Obras gerais

ALADRÉN, Gabriel. Liberdades Negras nas Paragens do Sul: Alforria e Inserção Social de Libertos em Porto Alegre, 1800-1835. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2009.

ALMADA, Vilma Paraíso Ferreira de. Escravismo e Transição. O Espírito Santo (1850/1888). Rio de Janeiro: Edições Graal, 1984.

ANDRADE, Marcos Ferreira de. Rebeliões escravas no Império do Brasil: uma releitura da revolta de Carrancas – Minas Gerais – 1833. 5º Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011. Disponível em: http://www.escravidaoeliberdade.com.br/site/images/Textos5/andrade%20marcos%20ferreira%20de.pdf. Acesso em: 12 de junho de 2020.

BEZERRA, Ormyr Leal. Cariacica (resumo histórico). 2ª Ed. Cariacica: IPEDOC, 2009.

CAMPOS, Adriana Pereira. Abolicionistas, Negros e Escravidão. Dimensões. Revista de História da UFES. Vitória: Espírito Santo. Vol. 10, jan-jul, 2000.

CARDOSO, Lavinha Coutinho. Revolta Negra na Freguesia de São José do Queimado: escravidão, Resistência e Liberdade no Século XIX na Província do Espírito Santo (1845-1850). Dissertação de Mestrado. 107 f. Vitória: UFES, 2008.

CECHINATO, Pe. Luiz. A Missa: parte por parte. 44º Ed. Editora Vozes: Petrópolis/RJ, 2012.

CONGO. O Canto da Alma – Volume 1. Associação das Bandas de Congo da Serra – ABC/Serra. Serra, s/d.

COSTA, Michel Dal Col. Caminhos da emancipação: redes solidárias de libertação dos escravos no Espírito Santo oitocentista. Dissertação (Mestrado em História) – Programa de Pós-Graduação em História, UFES, 2013.

____. Ciclo Folclórico e Religioso das Bandas de Congo da Serra. Princípios de sua etnografia e história. Associação das Bandas de Congo, ABC-Serra/ES, Serra, 2017.

____. Rastros da Sociedade Senhorial: senhores, negócios, redes sociais e relações de trabalho nos últimos anos da escravidão capixaba (1871-1888). Tese (Doutorado em História) – Programa de Pós-Graduação em História, UNIRIO, 2017.

____. Liberdade das Festas: Controle Social, Religiosidade e Cultura no Espírito Santo Oitocentista. Apresentação de Trabalho/Comunicação. Vitória, VIII Semana de História. História Política em debate: Questões para uma práxis interdisciplinar. Departamento de História da UFES, 2012.

____. Introdução ao Movimento Folclórico Capixaba. A Comissão Espírito-Santense de Folclore e suas origens. Cadernos de História Nº 46. Vitória: Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, 2011.

GINZBURG, Carlo. Os andarilhos do bem: feitiçaria e cultos agrários nos séculos XVI e XVII. Tradução de Jônatas Batista Neto. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

____. O fio e os rastros: verdadeiro, falso e fictício. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

GÓES, José Roberto. 159 anos da Revolta do Queimado. Nu. Informativo Cultural da Serra. Ano 4, Nº 11, fevereiro de 2008, pp. 12-13.

GRELE, Ronald J. Pode-se confiar em alguém com mais de 30 anos? Uma crítica construtiva à história oral. In: AMADO, Janaína; FERREIRA, Marieta de Moraes. Usos & abusos da história oral. 8 ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.

LARA, Silvia Hunold. Significados cruzados: um reinado de congos na Bahia setecentista. In: CUNHA, Maria Clementina Pereira (Org.) Carnavais e outras f(r)estas. Ensaios de história social da cultura. Campinas, SP: Editora da Unicamp, CECULT, 2002.

MIRANDA, Naly da Encarnação. Comentários Históricos da Serra. Serra, 1990.

____. Reminiscências da Serra. Serra. Serra, 1984.

NOVAES, Maria Stella. História do Espírito Santo. Vitória, ES: Fundo Editorial do Espírito Santo. s/d.

NEVES, Guilherme Santos. Coletânea de estudos e registros do folclore capixaba: 1944/1982. Seleção, organização e edição dos textos: Reinaldo Santos Neves. Vitória: Centro Cultural de Estudos e Pesquisas do Espírito Santo, Volume 2, 2008.

REIS, José João; SILVA, Eduardo. Negociação e Conflito. A Resistência Negra no Brasil Escravista; São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

RUSSELL-WOOD, A. J. R. Escravos e Libertos no Brasil Colonial. Tradução de Maria Beatriz Medina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

SANTOS, Estilaque Ferreira dos. História da Câmara Municipal de Vitória: os atos e as atas. Vol. 1: A trajetória de uma das primeiras câmaras do Brasil. Vitória, ES: Câmara Municipal de Vitória, 2014.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. A Batalha do Avaí. A beleza da barbárie: a Guerra do Paraguai pintada por Pedro Américo. Rio de Janeiro: Sextante. 2013.

SILVA, Cristina Schimidt. Viva São Benedito! Festa popular e turismo religioso em tempo de globalização. Aparecida, SP. Editora Santuário, 2000.

SIQUEIRA, Francisco Antunes, 1832-1897. Memórias do Passado: a Vitória através de meio século. Edição de texto, estudos e notas de Fernando Achiamé. Vitória: Floricultura: Cultural – ES, 1999.

SOUZA, Marina de Mello e. Reis Negros no Brasil Escravista. História da Festa de Coroação de Rei Congo. 1ª reimpressão. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2002.

SOUZA, Rodrigo Croce. Som da Terra. Edição do autor. Ibiraçu, 2016.

REVOLTA DE CARRANCAS. In: Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_de_Carrancas. Acesso em: 12 de junho de 2020.

VILHENA, Luís Rodolfo. Projeto e Missão: O Movimento Folclórico Brasileiro (1947-1964). Rio de Janeiro: Funarte: Fundação Getúlio Vargas, 1997.

Publicado

2020-07-21

Cómo citar

DAL COL COSTA, Michel. Rei Congo foi pra guerra, ai meu Deus como será? Explorando experiências de negociação entre pessoas escravizadas e senhores na Insurreição do Queimado e na origem do ciclo folclórico das bandas de congo no Espírito Santo. Revista Ágora, Vitória/ES, v. 31, n. 2, p. e-2020310205, 2020. DOI: 10.46812/e-2020310205. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/agora/article/view/30951. Acesso em: 15 abr. 2025.

Número

Sección

Pós-abolição: sociabilidades, relações de trabalho e estratégias de mobilidade s