O filósofo da natureza no correio do Rio de Janeiro
em defesa do espaço cívico na Monarquia Constitucional
DOI:
https://doi.org/10.47456/e-20243519Palavras-chave:
independência do Brasil; liberalismo; imprensa.Resumo
Com base nas definições de espaço público moderno de Marco Morel e de modernidade e experiência das obras de R. Koselleck, o artigo trata da apropriação no Correio do Rio de Janeiro da obra De la Philosophie de la Nature, ou Traité de morale pour le genre humain, tiré de la philosophie et fondé sur la nature, de Jean-Baptiste Claude Delisle de Sales. Proibida pela Real Mesa Censória em 1771, ainda assim esta obra foi traduzida e publicada anonimamente sob o título O Filósofo Solitário. Em 1822, João Soares Lisboa, considerado um dos redatores mais radicais da província do Rio de Janeiro a atuar no processo de independência do Brasil, se apropriou das ideias de Delisle de Sales para imaginar e defender uma monarquia constitucional que contava com um espaço cívico de ampla participação e representação dos cidadãos. Isso contrariava projetos que defendiam uma monarquia no Brasil com amplas atribuições ao poder real e controle do Poder Legislativo.
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Referências
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