Capitalismo, coronavírus e sofrimento mental

Autores

  • Iain Ferguson University of the West of Scotland

Resumo

A pandemia da COVID-19 que assolou o mundo desde o início de 2020 combinou fatores de stress na saúde mental que foram estudados anteriormente em outras catástrofes, mas que nunca foram consolidados numa crise global. Assim, por exemplo, há investigação sobre a forma como os humanos lidam com a quarentena, as catástrofes em massa e os fatores de stress contínuos, mas não sobre todos os três. O que está claro, porém, é que este não é simplesmente um desastre ‘natural’. A forma como esta pandemia se originou, as formas como se espalhou e o grau de morte e devastação que causou nas comunidades em todo o mundo foram todos moldados por fatores nada naturais, como a busca incansável do capitalismo global pelo lucro, as formas como os governos nacionais responderam (ou não responderam) à propagação da pandemia e o impacto das divisões e desigualdades existentes nas taxas de infecção e mortalidade. Isto aplica-se igualmente ao impacto a curto e longo prazo da pandemia na saúde mental. As principais abordagens psiquiátricas que se concentram no diagnóstico e no tratamento podem levar à medicalização ou à patologização do que são reações humanas essencialmente normais a eventos traumáticos e à individualização de respostas ao que é, em essência, uma crise coletiva e estrutural. Essa experiência coletiva partilhada permite a possibilidade de uma resposta política coletiva, uma resposta que desafia os responsáveis por tantas mortes evitáveis e que também, através da promoção de um sentido de ação política e de solidariedade, desafia os sentimentos de impotência, vergonha e isolamento associados com sofrimento mental.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Iain Ferguson, University of the West of Scotland

Assistente Social. PhD. Professor Honorário da University of the West of Scotland. (UWC, Glasgow, Reino Unido).

Publicado

30-09-2023

Como Citar

Ferguson, I. (2023). Capitalismo, coronavírus e sofrimento mental. Argumentum, 15(3), 10–30. Recuperado de https://periodicos.ufes.br/argumentum/article/view/42525