Nós estamos em guerra!

Resumo

Este ensaio visual é parte de uma ação que tem por objetivo promover encontros entre imagens de Arte e conteúdo de vídeos disponíveis no YouTube para construir, a partir de agrupamentos, novos corpos estéticos, outras imagens. Porque incluir o YouTube em um processo de criação? Por se tratar de uma plataforma habitada por extenso material visual e de fácil acesso. Pellegrini; Reis; Monção e Oliveira (2010) destacaram que a plataforma do YouTube funciona como um banco de produtos audiovisuais onde imagem e som se completam com simplicidade. Uma ferramenta de propagação de imagens e dos mais diversos discursos, um “alimento para um público que anseia por se representar” (Pellegrini; Reis; Monção; Oliveira, 2010, p.3). O princípio que move essa ação de conjugar imagens de Arte e material disponível em plataforma de vídeos é o da montagem. Carone (1973), no exercício de tentar definir montagem, no campo das artes, apontou ser uma atividade que une elementos estranhos em um mesmo corpo. O que vincula esses diferentes elementos no mesmo espaço é a emotividade e o raciocínio dos espectadores. Carone (1973), retomou Eisenstein para ampliar a compreensão. Para o cineasta russo, montagem é uma ação de fusão ou síntese mental, “em que pormenores isolados (fragmentos) se unem, num nível mais elevado do pensamento, através de uma maneira desusada, (...) diferente da forma lógica comum” (Carone, 1973, p.4). As imagens que compõem esse estudo são montagens que nasceram, de forma simples e direta, do encontro entre o primeiro episódio do documentário Guerras do Brasil (2020), em especial as falas de Ailton Krenak, e reproduções das aquarelas de Jean Baptiste Debret disponíveis no material O Brasil de Debret (1993). As imagens utilizadas no trabalhado foram: Prancha nº1- Índio Camacã- Mongoio; Prancha nº2- Índia Camacã; Prancha nº20- Soldados índios de Curitiba, escoltando selvagens; Prancha nº26- Florestas virgens do Brasil, nas margens do Rio Paraíba; Prancha nº63- Caça ao tigre; Prancha nº85- Frutas do Brasil; Prancha nº92- Desembarque da princesa real Leopoldina; Prancha nº100- Aclamação de Dom Pedro, Imperador do Brasil. Assistir ao documentário provocou um evocar de imagens produzidas pelo desenhista e pintor que integrou a missão artística francesa, no século XIX. O encontro entre as falas de Ailton Krenak e o trabalho de Debret, causou tensão!