Dizendo o indizível: testemunho da aniquilação do homem em É isto um homem?

Autores

  • Paulo Dutra University of New Mexico - UNM
  • Vitor Bourguignon Vogas Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

DOI:

https://doi.org/10.47456/contexto.v%25vi%25i.32755

Resumo

RESUMO: Este artigo se inscreve no campo de estudos literários que visa ao estabelecimento de conexões entre literatura e história, memória coletiva e esquecimento, violência e traumas coletivos, partindo da análise da letteratura di testimonianza deixada por Primo Levi a respeito do Holocausto. Com base no estudo de textos do autor italiano inseridos na categoria não ficcional – destacadamente, É isto um homem? –, bem como de ensaios e entrevistas concedidas por ele, propomo-nos identificar e analisar os fatores que impulsionaram a produção de sua obra literária, fundada no compromisso ético-estético de deixar a seus contemporâneos e à posteridade testemunho vivo do genocídio do povo judeu durante a Segunda Guerra Mundial, a partir de sua própria experiência como “sobrevivente fortuito” de Auschwitz. A postura consciente adotada e manifestada por Levi em sua obra o destaca como expoente literário da luta contra a opção pelo esquecimento, preferida por outras vítimas como mecanismo de autodefesa e superação da experiência traumática. À vontade de apagar a memória pessoal, o químico e escritor piemontês opunha a necessidade de contar e compartilhar a fim de manter o trauma vivo na memória coletiva, compreendendo o registro dos testemunhos como compromisso ético e histórico por parte dos sobreviventes como ele. Embasamos nossa análise na produção teórica de autores como Theodor Adorno – especificamente, sua visão da arte como historiografia e o “imperativo categórico” por ele atribuído aos artistas e intelectuais após Auschwitz –, além de Jeanne Marie Gagnebin, Andreas Huyssen, Jacques Le Goff, Jaime Ginzburg e Márcio Seligmann-Silva.

PALAVRAS-CHAVE: Primo Levi – É isto um homem?. Literatura de Testemunho – Primo Levi. Trauma – Tema literário. Memória e Literatura. História e Literatura.

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Publicado

09-11-2020

Edição

Seção

Artigos (Clipe)