Poesia, tecnologia e catástrofe: notas sobre o conto “O versificador”, de Primo Levi

Autores

  • Marcelo Ferraz de Paula UFG/CNPq
  • Vinícius Carvalho UFMT

DOI:

https://doi.org/10.47456/contexto.v1i42.35978

Resumo

No presente artigo analisamos o conto “O versificador”, de Primo Levi, no qual se apresentam, de forma irônica e lúcida, uma série de questões relativas à relação entre poesia e humanidade com foco em um controverso dispositivo técnico que ocupa o centro do argumento no texto: o Versificador. No enredo, tal tecnologia tem por fim a produção automática de versos, encontrando hoje correspondentes diretos em projetos artísticos desenvolvidos com computadores e inteligências artificiais. No entanto, já na época da publicação do conto, nos anos 60, tinha a ficção lastro no mundo histórico, quando se realizavam os primeiros experimentos com textos literários gerados por máquinas. Em nossa análise, destacamos as problemáticas relativas à autoria, ao sentido e à função da poesia quando se aventa a hipótese ficcional de um autômato versificador substituir a atividade criadora de poetas humanos.

PALAVRAS-CHAVE: Literatura italiana; Ficção especulativa; Poesia e novas tecnologias; Ciberliteratura; Autoria

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Publicado

22-12-2022

Edição

Seção

Dossiê LITERATURA E ESCRITA LITERÁRIA NA EXCITADA SOCIEDADE DO ESPETÁCULO