Sobre fotos de fotos: Experiências afetivas e alguns questionamentos de gênero presentes na iconografia vernacular esgarçada (e refotografada) pela obra de thaisa figueiredo
DOI :
https://doi.org/10.47456/rf.v2i18.18670Résumé
Quando Daguèrre[1] lançou na França o seu invento, rapidamente patenteado e comercializado, afirmando que “este pequeno trabalho”, a daguerreotipia, ou seja, a fotografia, “poderá agradar bastante às mulheres”[2], era uma forma de introduzir o novo dispositivo também no âmbito do doméstico, para além dos usos públicos e profissionais (tão historicamente reservados aos homens). “Uma associação foi então rapidamente imposta entre a nova técnica e as qualidades tradicionais atribuídas ao sexo feminino (habilidade manual, delicadeza, senso de detalhe, paciência, etc.). Mas ela apenas transpôs a divisão ‘natural’ dos papéis de homens e mulheres para a indústria fotográfica nascente”[3]. Tais papéis, que, dentro da cultura patriarcal, reafirmam a mulher no lugar de fragilidade, dependência e dedicação total à família.
[1] Louis Jacques Mandé Daguerre. Daguerréotype, Paris, 1838.
[2] Todos os textos em língua estrangeira citados aqui foram traduzidos ao português pela autora deste artigo.
[3] Thomas Galifot, “‘La femme photographe n’existe pas encore positivement en France’ ...Femmes, féminité et photographie dans le discours français au XIXe siècle et au début du XXe siècle”, in Qui a peur des femmes photographes ? Paris, musées d’Orsay et de l’Orangerie, 2015, p. 35.
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