DA ORALIDADE AO IDEOLOGEMA NO CONTO THE MAN WHO WAS ALMOST A MAN DE RICHARD WRIGHT: UMA ANÁLISE DIALÓGICA
Abstract
A literatura afro-americana, que se inicia com uma busca pela explicitação das mazelas a que os escravos negros eram subjugados, passa a representar o negro, no período do Harlem Renaissance no ambiente de violência imposto pela era da segregação legalizada, a era Jim Crow. Nesse contexto, encontra-se o conto “The Man Who Was Almost a Man” de Richard Wright. Este trabalho objetiva, portanto, analisar as marcas de oralidade na fala do protagonista do conto, em contraste com a fala do seu empregador branco, a fim de buscar a sua relevância para o enredo da obra ficcional e uma significação social. Pautado nos estudos do Círculo (de Bakhtin), a análise seguiu o caminho metodológico que vai do texto ao seu contexto, da oralidade da fala da personagem à quebra desses limites linguístico-materiais (a fala compreendida como ideologema), buscando o seu contexto social concreto. Percebemos que as marcas de oralidade na fala do protagonista negro refletem e refratam o posicionamento de inferioridade imputado ao afro-americano, desde o período da escravidão até o período Jim Crow. Não são, portanto, apenas marcas de oralidade, mas marcas sociais e históricas de seres humanos segregados legalmente, sendo-lhes conferidas as piores condições de subsistência e de escolaridade.
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