O contrabando de escravos em Itapemirim após 1850: resistência ao cumprimento da lei
Keywords:
Tráfico de Escravos, Escravidão em Itapemirim, Porto da Barra de ItapemirimAbstract
O presente artigo pretende abordar o tráfico ilegal de escravos na região de Itapemirim-ES, mesmo após a promulgação da lei Euzébio de Queirós, que colocava fim ao tráfico internacional de escravos. Os Relatórios dos Presidentes Provinciais do Espírito Santo e outros documentos da época denunciam que, por várias vezes a região de Itapemirim recebeu navios suspeitos de trazerem escravos africanos, sendo que alguns chegaram a ser presos ou investigados. A necessidade de se manter esse tráfico ilegal se dava graças às lavouras de cana de açúcar e de café, presentes na região do Vale do Rio Itapemirim, que utilizavam grande quantidade de mão de obra escrava, além da proximidade do Porto de Itapemirim com a Corte, o que facilitava o comércio de mercadorias entre as regiões, dentre elas os escravos. A presença de africanos nas escravarias de Itapemirim era grande, como se pode perceber nos registros de Batismo e Óbito de escravos da Paróquia Nossa Senhora do Amparo, inclusive com batismos de africanos adultos ocorrendo na década de 1860. Isso demonstra que a vinda de africanos para a região de Itapemirim era prática comum e, conforme as denúncias, continuou após o fim do tráfico.