Indivíduo e pessoa: concepções ocidentais e ameríndias acerca do “eu”
DOI:
https://doi.org/10.47456/simbitica.v6i1.27201Abstract
Este artigo se debruçará sobre a análise da noção de indivíduo enquanto uma construção ocidental e outras formas de conceber o humano, sobretudo ao que é expresso no pensamento ameríndio do povo Kayapó. Para isso, parte de uma síntese teórica, que coteja temas e pensadores do domínio da filosofia com textos etnológicos (DUMONT, 1985; MAUSS, 2003; TURNER, 1991,1992). Tal empreendimento analítico almeja destacar que as concepções reducionistas (DESCARTES, 1979; ROUSSEAU, 2000) não dão conta de explicar a complexidade múltipla de conhecer e se conhecer no mundo, o que torna imperioso pensar a totalidade que se manifesta no mundo vivido ao passo que humanidade está para além dos domínios intradisciplinares.
Palavras-chave: Indivíduo; Subjetividade; Descentramento; Kayapó.
Resumen
Este artículo se centrará en el análisis de la noción del individuo en cuanto una construcción occidental y otras formas de concebir el humano, sobre todo a lo que se expresa en el pensamiento amerindio del pueblo Kayapó. Se parte de una síntesis teórica, que coteja temas y pensadores del dominio de la filosofía con temas etnológicos (DUMONT, 1995; MAUSS, 2003; TURNER, 1991,1992). Tal emprendimiento analítico anhela destacar que concepciones reduccionistas (DESCARTES, 1979; ROUSSEAU, 2000) no son capaces de explicar la complejidad múltiple de conocer y conocerse en el mundo, lo que hace imperativo pensar la totalidad que se manifiesta en el mundo vivido mientras que la humanidad está más allá de los dominios intradisciplinares.
Palabras-clave: Individuo; Subjetividad; Descentramiento; Kayapó.
Abstract
This article will focus on the notion of individual as a Western construction and other ways of conceiving human, especially to what is expressed in Amerindian thought of the Kayapo people. It’s from a theoretical synthesis, that matches themes and thinkers of domain of the philosophy with ethnological texts (DUMONT, 1985; MAUSS, 2003; TURNER, 1991,1992). Such analytical project aims to highlight that reductionist conceptions (DESCARTES, 1979; ROUSSEAU, 2000) not enough to explain the multiple complexity to know and to know yourself in the world, which makes it imperative to think of the totality that manifests itself in the lived world while humanity is beyond intradisciplinary domains.
Keywords: Individual; Subjectivity; Decentering; Kayapo.
Downloads
References
BARBOSA, Vilmar do Valle (2002). “Tempos pós-modernos”. In: LYOTARD, Jean-François. A condição pós-moderna. Rio de Janeiro: Ed. José Olympio.
CANCLINI, Néstor García (2011). Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: Edusp.
COELHO DE SOUZA, Marcela Stockler (2002). O Traço e o Círculo: o conceito de parentesco entre os Jê e seus antropólogos. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. PPGAS-Museu Nacional, Rio de Janeiro.
DESCARTES, René (1979). Descartes. São Paulo: Abril Cultural. Col. Os Pensadores.
______. (2001). Discurso do método. São Paulo: Martin Fontes.
DUMONT, Louis (1985). O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna. Rio de Janeiro: Rocco.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (2009). Novo dicionário Aurélio de língua portuguesa. Curitiba: Ed. Positivo.
GANEM, Ângela (2000). “Adam Smith e a explicação do mercado como ordem social: uma abordagem histórico-filosófica”. Revista de Economia Contemporânea. Rio de Janeiro, vol.4, n. 2, jul./dez. pp. 9-36.
HALL, Stuart (2006). A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de janeiro: DP&A Editora.
HOBBES, Thomas (2008). Leviatã: ou matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil. São Paulo: Martin Claret.
INGOLD, Tim (1995). “Humanidade e animalidade”. Revista Brasileira de Ciências Sociais. Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais – ANPOCS. São Paulo. n. 28, jun., pp. 1-15.
JAMESON, Fredric (1996). Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio. São Paulo: Ed. Ática.
LATOUR, Bruno (1994). Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. Rio de Janeiro: Ed. 34.
LEA, Vanessa (1994). “Gênero feminino mebengokre (kayapó): desvelando representações desgastadas”. Cadernos Pagu. Revista do Núcleo de Estudos de Gênero da Universidade Estadual de Campinas. Campinas. n.3, pp. 85-115.
______. (1999). “Desnaturalizando gênero na sociedade Mẽbêngôkre”. Estudos Feministas. Revista do Centro de Filosofia e Ciências Humanas e Centro de Comunicação e Expressão da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. ano 7, 1º e 2º sem., pp. 176-194.
______. (2012). Riquezas intangíveis de pessoas partíveis: os Mẽbêngôkre (Kayapó) do Brasil (Central). São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.
LÉVI-STRAUSS, Claude (1976). “Raça e História”. In: LÉVI-STRAUSS, C. Antropologia Estrutural II. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, pp. 328-366.
LIPOVETSKY, Gilles (2004). Os tempos hipermodernos. São Paulo: Barcarolla.
LYOTARD, Jean-François (2002). A condição pós-moderna. Rio de Janeiro: José Olympio.
LUKESCH, Anton (1976). Mito e vida dos índios caiapós. São Paulo: Pioneira, Ed. da USP.
MAUSS, Marcel (2003). “Uma categoria do espírito humano: a noção de pessoa, a de “eu””. In: MAUSS, Marcel. Sociologia e antropologia. São Paulo: Cosac & Naify, pp. 369-397.
MAQUIAVEL, Nicolau (2001). O príncipe. São Paulo: Martin Fontes.
MELATTI, Julio Cesar (1976). “Nominadores e genitores: um aspecto do dualismo Krahó”. In: SCHADENS, Egon. Leituras de etnologia brasileira. São Paulo: Companhia Editora Nacional, pp. 139-148.
PIERUCCI, Antônio Flávio (2004). “Glossário”. In: WEBER, Max. A ética protestante e o “espírito” do capitalismo. São Paulo: Companhia das Letras, pp. 277-292.
ROUSSEAU, Jean-Jacques (2000). Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens; Discurso sobre as ciências e as artes (Os Pensadores). São Paulo: Abril Cultural.
SEEGER, Anthony; DAMATTA, Roberto; VIVEIROS de CASTRO, E. B (1979). “A construção da pessoa nas sociedades indígenas”. Boletim do Museu Nacional. Antropologia nº 32. Rio de Janeiro, pp. 2-19.
TURNER, Terence (1991). “Da cosmologia à história: resistência, adaptação e consciência social entre os Kayapó”. Tradução: David Soares. Cadernos de Campo. Revista dos alunos de Pós-Graduação em Antropologia Social da USP. São Paulo. v.1, n.1, pp. 68-85.
______. (1992). “Os Mebengokre Kayapó: história e mudança social, de comunidades autônomas para a coexistência interétnica”. In: CUNHA, Manuela Carneiro da. (Org.). História dos Índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, pp. 311-338.
WEBER, Max (2004). A ética protestante e o “espírito” do capitalismo. São Paulo: Companhia das Letras.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright (c) 2020 Michelle Carlesso Mariano, Alessandro Mariano Rodrigues
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.
b. Compartilhar - copiar e distribuir o material em qualquer meio ou formato.
Adaptar - remix, transformar e construir sobre o material para qualquer finalidade, inclusive comercial.
c. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
d. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
a. Authors retain the copyright and grant the magazine the right of first publication, with work simultaneously licensed under the CCreative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.
b. Share - copy and distribute the material in any medium or format.
Adapt - remix, transform and build on the material for any purpose, including commercial.
c. Authors are authorized to take additional contracts separately, for non-exclusive distribution of the version of the work published in this journal (eg, publish in institutional repository or as a book chapter), with acknowledgment of authorship and initial publication in this journal.
d. Authors are allowed and encouraged to publish and distribute their work online (eg.: in institutional repositories or on their personal page) at any point before or during the editorial process, as this can generate productive changes as well as increase the impact and the citation of the published work (See The Effect of Free Access).