DIALÉTICA DA QUESTÃO SOCIAL E A UNIDADE CLASSE, GÊNERO E RAÇA
DOI:
https://doi.org/10.22422/temporalis.2021v21n42p62-76Abstract
Esse texto busca contribuir com os esforços de análise da questão social incorporando determinações adicionais em sua gênese e constituição. Para isso, explora as indicações marxianas, principalmente em O Capital, incluindo as dimensões de gênero, raça/etnia e do desenvolvimento desigual como determinantes da lei do valor e à análise da questão social. Partindo de uma ampliação do conceito de acumulação primitiva, são apresentadas quatro hipóteses de trabalho que apontam as categorias expropriação (de meios de produção, meios de vida, corpos e saberes de mulheres e pessoas racializadas), reprodução e alienação como mediações relevantes para compreender o caráter estruturalmente desigual e combinado, heteropatriarcal e racista do capitalismo. Também são apontadas as articulações destas relações com a Lei Geral da Acumulação Capitalista. Com essa chave de análise, são analisadas as tendências ao sobretrabalho e à superexploração, assim como à feminização e racialização do mundo do trabalho, como estratégia capitalista de enfrentamento à crise estrutural por meio da equalização por baixo do valor da força de trabalho. Finalmente, sugere-se a necessidade de um programa de pesquisa para explorar as hipóteses levantadas.
Palavras-chave: Questão Social. Superexploração. Racismo estrutural. Heteropatriarcardo. Crise estrutural do capital.