A ciência é a alma do negócio: apropriações do discurso científico em propagandas de medicamentos contra a sífilis (Paraíba, 1932-1942)

Autores

  • Leonardo Querino Barboza Freire dos Santos Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB)
  • Rafael Nóbrega Araújo Universidade Federal de Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.47456/e-2021320102

Palavras-chave:

História da Medicina, Publicidade, Sífilis

Resumo

Neste trabalho, analisamos a apropriação de imagens e discursos associados à representação social da ciência como estratégia mercadológica nos anúncios de medicamentos contra a sífilis. O nosso foco de discussão são as publicidades veiculadas pela revista Medicina, periódico oficial da Sociedade de Medicina e Cirurgia da Paraíba que circulou entre os anos de 1932 e 1942. Surgida como desdobramento do processo de institucionalização da medicina científica no estado a partir dos anos 1920, Medicina foi responsável por constituir uma rede de circulação da ciência que conectava os médicos e leitores paraibanos à produção nacional e internacional. Para discutir estas e outras questões, analisamos as publicidades de medicamentos contra a sífilis as edições da revista Medicina com base nos estudos de Ludwik Fleck e Sérgio Carrara acerca da estruturação do conceito da sífilis e a sua relação com o desenvolvimento do saber médico-científico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Leonardo Querino Barboza Freire dos Santos, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB)

Sou professor efetivo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB). Conclui a Graduação em História na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) no ano de 2012, apresentando pesquisa sobre a trajetória do médico Belisário Penna no contexto do movimento sanitarista da Primeira República. Entre 2013 e 2015, realizei o Mestrado em História na UFCG, tendo desenvolvido pesquisas sobre a história da medicina científica na Paraíba, com foco nas primeiras décadas do século XX. No ano de 2020, conclui o Doutorado em História Social na Universidade de São Paulo (USP), onde defendi tese abordando os discursos e práticas médicas sobre a saúde das classes trabalhadoras na Paraíba entre 1930 e 1945. Tenho experiência na área de ensino e pesquisa em História, com ênfase em História do Brasil República, atuando principalmente nos seguintes temas: história das ciências, história da saúde e história do trabalho.

Referências

Fontes

CIANCIO, Nicolau. Quantos são os micróbios da syphilis? A União. Parahyba do Norte-PB, ano XXXVI, n. 100, 9 maio 1928, p. 1.

NÓBREGA, Humberto. As raízes das ciências médicas na Paraíba: medicina, farmácia, odontologia e farmácia. João Pessoa: Ed. Universitária UFPB, 1979.

MACIEL, José. Os heredo-syphilis – syphilis dos inocentes. Era Nova: Parahyba do Norte, ano 2, n. 28, 15 jun. 1922, s./p.

MAROJA, Flávio. A nossa hygiene. Revista do Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba, João Pessoa, n. 03, 1911, p. 432-437.

MAROJA, Flávio. A nossa Revista. Revista Medicina, João Pessoa-PB, n. 1, jun. 1932, p. 1 -2.

MAROJA FILHO, Flávio. Da sôro-dignose da Syphilis pela reação de Dujarric. Rio de Janeiro: Typ. do Jornal do Commercio, 1927.

O Jornal, “Sociedade de Medicina e Cirurgia – A sua sessão de 5 do mês p. passado – A posse do dr. Tito de Mendonça, seu discurso de agradecimento e o de recepção do nosso ilustre colaborador dr. José Maciel”. 06 de nov. 1924. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=169870&pasta=ano%20192&pesq=Sociedade%20de%20Medicina%20e%20Cirurgia&pagfis=1664. Acesso em 30/12/2020.

Medicina. João Pessoa-PB, ano 1, n. 1, jun. 1932.

Medicina. João Pessoa-PB, ano 2, n. 6, set. 1933.

Medicina. João Pessoa-PB, ano 5, n. 1, jan. 1936.

Medicina. João Pessoa-PB, ano 7, n. 1, set. 1938.

Medicina. João Pessoa, ano 22, n. 12, jul. de 1954

RANGEL, Orlando. A Sífilis e o seu tratamento (1926-1934). Rio de Janeiro: Apollo, 1937.

SOCIEDADE DE MEDICINA E CIRURGIA DA PARAÍBA (SMCPB). Semana Médica. Parahyba do Norte: Imprensa Official, 1927.

Obras gerais

AGRA, Giscard Farias. Modernidade aos goles: a produção de uma sensibilidade moderna em Campina Grande, 1904 a 1935. Recife: Dissertação (Mestrado) – UFPE/CFCH, 2008.

ARAÚJO, Rafael Nóbrega. O “terrível flagello da humanidade”: os discursos médico-higienistas no combate à sífilis na Paraíba (1921-1940). Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal de Campina Grande. Campina Grande, 2020.

AVELLEIRA; J. C; BOTTINO, G. Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle. Anais Brasileiros de Dermatologia. v. 81, n. 2, 2006.

BATISTA, Ricardo dos Santos. Sífilis e relações de gênero na Bahia. In: FRANCO, Sebastião Pimentel. NASCIMENTO, Dilene Raimundo do. SILVEIRA, Anny Jackeline Torres. (Orgs.). Uma história brasileira das doenças. Vol. 7. Belo Horizonte: Fino Traço, 2017.

CALLON, Michel. “Algunos elementos para una sociología de la traducción: la domesticación de las vieiras y los pescadores de la Bahía de Saint Brieuc”. In: IRANZO, Juan Manuel et al. (org.). Sociologia de la ciencia y la tecnologia. Madrid: CSIC, 1995.

CARRARA, Sérgio. Tributo a Vênus: a luta contra a sífilis no Brasil, da passagem do século aos anos 40. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 1996

COHEN, Ilka Stern. Diversificação e segmentação dos impressos. In: MARTINS, Ana Luiza; DE LUCA, Tania Regina (orgs.). História da imprensa no Brasil. 2. ed. 3ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2018, p. 103 – 130.

FERREIRA, Luiz Otávio; MAIO, Marcos Chor; AZEVEDO Nara. A Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro: a gênese de uma rede institucional alternativa. História, Ciências, Saúde – Manguinhos. Rio de Janeiro, v. 4, n. 3, p. 475 – 491, nov. 1997 – fev. 1998. Disponível em https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-59701997000300004&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em 31/12/2020.

FLECK, Ludwik. La génesis y el desarollo de um hecho científico. Madrid: Alianza Editorial, 1986.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. 22 ed. São Paulo: Edições Loyola, 2012

GURJÃO, Eliete de Queiroz. Morte e vida das Oligarquias. Paraíba (1889 – 1945). João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 1994.

HEGENBERG, Leonidas. Doença: um estudo filosófico. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 1998.

KNORR-CETINA, Karin. “A comunicação na ciência”. In: GIL, Fernando (org.). A ciência tal qual se faz. Tradução Paulo Tunhas. Lisboa: Ed. João Sá da Costa, 1999.

LATOUR, Bruno; WOOLGAR, Steve. A vida de laboratório: a produção dos fatos científicos. Tradução Ângela Ramalho Vianna. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1997.

MARTINS, Ana Luiza. Da fantasia à História: folheando páginas revisteiras. História, Franca, SP, v. 22, n. 1, 2003, p. 59 – 79. Disponível em https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-90742003000100003&lng=pt&tlng=pt. Acesso em 31/12/2020.

MATOS, Maria Izilda dos Santos. Por uma possível história do sorriso: institucionalização, ações e representações. 1 ed. São Paulo: Hucitec, 2018

NÓBREGA, Humberto. As raízes da ciência da saúde na Paraíba: medicina, farmácia, odontologia e enfermagem. João Pessoa, PB: Editora Universitária/UFPB, 1979, p. 283.

O'SHEA, J. 'Two minutes with venus, two years with mercury': mercury as an antisyphilitic chemotherapeutic agent. Journal of the Royal Society of Medicine, v. 83, n. 6, p. 392-295, 1990.

PEREIRA NETO, André de Faria. Ser médico no Brasil: o presente no passado. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2001.

PIMENTA, Tânia Salgado. Transformações no exercício das artes de curar no Rio de Janeiro durante a primeira metade do Oitocentos. História, Ciências, Saúde – Manguinhos. Rio de Janeiro, v.11, suppl.1, 2004, p. 68. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-59702004000400004&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em 30/12/2020.

QUETÉL, Claude. The history of syphilis. Baltimore, Maryland: The Johns Hopkins University Press, 1990, p. 29-30, 32).

ROSEN, George. Uma história da saúde pública. 2 ed. São Paulo: HUCITEC, Unesp; Rio de Janeiro: Abrasco, 1994.

SÁ, Lenilde Duarte de. Parahyba: uma cidade entre miasmas e micróbios. O Serviço de Higiene Pública: 1895-1918. Ribeirão Preto, SP: Tese (Doutorado) – USP/ EERP, 1999.

SANTOS, Leonardo Querino Barboza Freire dos. A “invenção” da doença como problema social (Paraíba, final do Século XIX e início do XX). Anais do V CONAPESC... Campina Grande: Realize Editora, 2020. Disponível em: http://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/72852. Acesso em: 29/12/2020.

_______________. Entre a ciência e a saúde pública: a construção do médico paraibano como reformador social (1911 – 1929). Campina Grande, PB: Dissertação (Mestrado) – UFCG/CH, 2015.

SHAPIN, Steven. Nunca pura. Estudos históricos de ciências como se fora produzida por pessoas com corpos, situados no tempo, no espaço, na cultura e na sociedade e que se empenham por credibilidade e autoridade. Tradução Erick Ramalho. Belo Horizonte, MG: Fino Traço Editora, 2013.

SOARES JÚNIOR, Azemar dos Santos. Corpos hígidos: o limpo e o sujo na Paraíba (1912 – 1924). João Pessoa: Dissertação (Mestrado) – UFPB/CCHLA, 2011.

SOUZA, Elemir. Há cem anos a descoberta do Treponema pallidum. Anais Brasileiros de Dermatologia. v.80, n.5, pp. 547-548, 2005.

UJVARI, Stefan Cunha. ADONI, Tarso. A história do século XX pelas descobertas da medicina. Contexto: São Paulo, 2014.

Downloads

Publicado

20-07-2021

Como Citar

QUERINO BARBOZA FREIRE DOS SANTOS, Leonardo; NÓBREGA ARAÚJO, RAFAEL. A ciência é a alma do negócio: apropriações do discurso científico em propagandas de medicamentos contra a sífilis (Paraíba, 1932-1942). Revista Ágora, [S. l.], v. 32, n. 1, p. e-2021320102, 2021. DOI: 10.47456/e-2021320102. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/agora/article/view/34042. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Doenças e práticas de cura na História brasileira