Governar o lugar da peste: disputas políticas e construções simbólicas sobre a epidemia dos males no Governo do Marquês de Montebelo (Pernambuco, 1685-1695)

Autores

  • Bernardo Manoel Monteiro Constant Nenhuma

DOI:

https://doi.org/10.47456/e-2021320209

Palavras-chave:

História Cultural, História Política, História das Doenças, Hist´ória de Pernambuco, Território

Resumo

O objetivo desse trabalho é questionar de que modo a emergência de uma epidemia de peste em Pernambuco influiu nas ações governativas, projetos políticos e práticas retóricas mobilizados pelo governador da capitania no período entre 1690 e 1693, D. Antônio Félix Machado de Castro, Silva e Orosco, marquês de Montebelo. Propõe-se aqui que a peste surge como fio condutor por meio do qual se pode analisar partes relevantes da trajetória de Montebelo em Pernambuco, fio que permite também observar as ações políticas executadas em resposta à epidemia como evidências para o estudo de aspectos culturais relevantes no mundo português da primeira Época Moderna. Assim, pretende-se explorar aqui a relação entre as representações culturais sobre a peste vigentes à época e as dinâmicas políticas dos locais onde a epidemia se abateu, com foco particular em como a peste se fez fator no processo de inscrição de conteúdo simbólico sobre o espaço físico, bem como sobre as consequências políticas de tal operação discursiva.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Fontes

ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO (AHU), Conselho Ultramarino (CU), Carta do [governador da capitania de Pernambuco], Caetano de Melo de Castro, ao rei [D. Pedro II], sobre as doenças motivadas pelas chuvas e a necessidade de sepulturas para os mortos, (015), Cx. 17, D. 1685; Cartas de Pernambuco, Códice 256, “Cartas, ordens e provisões para Pernambuco”.

ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO (AHU), Administração Central (ACL), Conselho Ultramarino (CU), Carta do [governador da capitania de Pernambuco], João da Cunha Souto Maior, ao rei [D. Pedro II], sobre o falecimento do médico que havia na dita capitania e pedindo o envio de um ou dois médicos, (015), Cx. 14, D. 1372.

BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL (BNP), Coleção Pombalina (PBA), Códice 239, “Brasil, Governo de Pernambuco, 1690-1693, Portarias, Ordens, Bandos, Editais, etc, sendo D. Antônio Félix Machado, Marquês de Montebelo, governador de Pernambuco”.

BRITISH LIBRARY. Cartas d’El Rey N[osso] S[enhor] D[om] Pedro 2º. Vindas na frota do anno d’1690. Para o G[overnad]or de Pern[ambuc]o D[om] Ant[oni]o Fellix Machado D’Silva e Castro do seo Conc[elh]o e Marquês de Monte Bello. Manuscripts. Add. MS. 21.000.

MEMORIAS HISTORICAS DA PROVINCIA DE PERNAMBUCO: PRECEDIDAS DE UM ENSAIO TOPOGRAPHICO-HISTORICO, DEDICADAS AOS ILLUSTRISSIMOS, E EXCELLENTISSIMOS SENHORES BARÃO DA BOA-VISTA E BARÃO DE SUASSUNA, POR JOZÉ BERNARDO FERNANDES GAMA. Tomo IV. Pernambuco. Na Typographia de M. F. de Faria, 1848. Disponível em: <https://www2.Senado.leg.br/bdsf/handle/id/221727>. Acesso jun. 2019.

PIMENTA, Miguel Dias. Noticias do que he o achaque do bicho: diffiniçam do seu crestame[n]to, subimento corrupçaõ, sinaes, & cura atè, o quinto grao, ou intensaõ delle, suas differenças, & co[m]plicaços, com que se ajunta. Lisboa: Officina de Miguel Manescal, 1707.

ROSA, João Ferreira da. Trattado unico da constituiçam pestilencial de Pernambuco offerecido a El Rey N. S. por ser servido ordenar por seu governador aos Medicos da America, que assistem onde ha este contagio, que o compusessem para se conferirem pelos Coripheos da Medicina aos dictames com que he trattada esta pestilencial febre. Lisboa: Officina de Miguel Manescal, 1694.

Obras Gerais

ANDRADE, Gilberto Osório de. Montebelo, os Males e os Mascates. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 1969.

CAGLE, Hugh. Assembling the Tropics: Science and Medicine in Portugal’s Empire, 1450-1700. Cambridge: Cambridge University Press, 2018.

CAROLINO, Luís Miguel. Ciência, astrologia e sociedade: a teoria da influência celeste em Portugal (1593-1755). Porto, Fundação Calouste Gulbenkian, 2003.

COELHO, Rafael da Silva. Moeda no Brasil no final do século XVII. Dissertação (Mestrado em História Econômica), Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

COHN, Samuel Kline. Cultures of plague: medical thinking at the end of the Renaissance. Oxford: Oxford University Press, 2010.

CONSTANT, Bernardo Manoel Monteiro. Dos vermes aos astros: saber, poder e disputas pela arte de curar durante a epidemia dos males em Pernambuco (séculos XVII-XVIII). Dissertação (Mestrado em História Social), Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2020.

____. Sob o signo do medo: cultura e sensibilidade em tempos de peste (Pernambuco, 1685-1693). In: CARNEIRO, Alexandre; FRANCO, Renato; FREITAS, Edmar (Org.). As paixões e os afetos: percepção e figuração da realidade em múltiplas temporalidades. São Paulo: Hucitec, 2020. pp. 26-40.

CURVELO, Arthur Almeida Santos de Carvalho. Governar Pernambuco e as “capitanias anexas”: O Perfil de Recrutamento, a Comunicação Política e as Jurisdições dos governadores da Capitania de Pernambuco (c.1654 c.1756). Tese (Doutorado em História), Universidade de Lisboa, Lisboa, 2019.

HAESBAERT, Rogério. O mito da desterritorialização: Do “fim dos territórios” à multiterritorialidade. 2ª ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.

MELLO, Evaldo Cabral de. A fronda dos mazombos: nobres contra mascates, Pernambuco, 1666 1715. 3ª ed. São Paulo: Editora 34, 2003.

MELLO, José Antônio Gonçalves de. A Congregação de São Felipe Neri em Pernambuco. Revista do Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano, vol. 57, p. 45-143, 1984.

PUNTONI, Pedro. O Estado do Brasil: Poder e política na Bahia colonial - 1548-1700. São Paulo: Alameda, 2014.

SOUZA, Marcelo José Lopes de. O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento. In: CASTRO, Iná Elias de; CORRÊA, Roberto Lobato; GOMES, Paulo Cesar da Costa (Org.). Geografia: conceitos e temas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.

Downloads

Publicado

11-11-2021

Como Citar

BERNARDO MANOEL MONTEIRO CONSTANT. Governar o lugar da peste: disputas políticas e construções simbólicas sobre a epidemia dos males no Governo do Marquês de Montebelo (Pernambuco, 1685-1695). Revista Ágora, [S. l.], v. 32, n. 2, p. e-2021320209, 2021. DOI: 10.47456/e-2021320209. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/agora/article/view/36232. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Os Governos do Império: Vice-reis, governadores e capitães-mores no mundo portug