A ira do capitão-mor: Marçal Nunes da Costa e o governo do Pará no século XVII

Autores

  • Fabiano Vilaça dos Santos Universidade do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.47456/e-2021320202

Palavras-chave:

Marçal Nunes da Costa, Governo do Pará, Conflitos de jurisdição

Resumo

Este artigo apresenta resultados parciais de pesquisa sobre o governo do Pará, no século XVII, tendo por base as críticas de Marçal Nunes da Costa à usurpação da sua jurisdição e de outros capitães-mores pelos governadores e capitães-generais do Estado do Maranhão, bem como os conflitos entre esses agentes. O texto analisa, portanto, a dinâmica política e administrativa nesta circunscrição, envolvendo, principalmente, capitães-mores do Pará e governadores, mas também a Câmara de Belém. Discutindo questões como: a existência e o respeito aos regimentos; a delegação de poderes e jurisdições pelos reis de Portugal aos governantes ultramarinos; a fragilidade da autoridade dos capitães-mores do Pará frente aos interesses particulares e à articulação dos poderes locais, por intermédio da Câmara, com os governadores e capitães-generais. A metodologia empregada para subsidiar as conclusões apresentadas consistiu, basicamente, na análise qualitativa de correspondências oficiais dos capitães-mores com autoridades em Lisboa, regimentos para os governos do Pará e do Estado do Maranhão, cartas patentes e, no cotejo destas fontes, com informações contidas em obras de referência sobre a história política e administrativa local

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Fontes

Manuscritos

ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO (AHU) - Projeto Resgate (avulsos e códices). Brasil Geral: Cx. 1, D. 17.

____. Maranhão: Cx. 1, D. 94; Cx. 2, D. 225; Cx. 3, D. 265, D. 291 e D. 303; Cx. 4, D. 461.

____. Pará: Cx. 1, D. 23, D. 43, D. 55, D. 66, D. 68, D. 71 e D. 76; Cx. 2, D. 89, D. 90, D. 114, D. 127, D. 131, D. 133, D. 137, D. 141 e D. 149; Cx. 3, D. 237, D. 238 e D. 239; Cx. 5, D. 621

____. Serviço de Partes: Cx. 2, D. 197.

____. Consultas Mistas: Cód. 14 e Cód. 15.

____. Consultas de Partes: Cód. 47.

____. Livro de registro de regimentos do Conselho Ultramarino, 1642-1807: Cód. 169.

____. Ordens régias de 1648 até 1797, que se acham registradas nos livros de registro da Câmara do Pará: Cód. 1275.

____. Registro de cartas régias para o governador e outras entidades da capitania do Maranhão (1673-1712): Cód. 268.

____. Registro de consultas sobre diferentes assuntos referentes às capitanias do Maranhão e Pará (1722-1758): Cód. 209.

ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO (ANTT). Chancelaria de Filipe III. Doações: Livro 18 e Livro 28.

____. Mesa da Consciência e Ordens. Habilitações da Ordem de Cristo. Letra S, maço 6, nº 45

____. Registro Geral de Mercês. D. João IV: Livro 4.

____. Registro Geral de Mercês (Chancelaria). D. Afonso VI: Livro 11 e Livro 27.

ARQUIVO DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA (AUC). Col. Condes dos Arcos (Pará). Liv. Regimentos do Estado de Maranhão e Pará. 1688-1764. VI-III-1-1-30, s/n.

BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL (BNP). Cópia do Regimento de alguns capítulos do Governador do Maranhão, que se passou a Francisco Coelho de Carvalho: Cód. 7627.

Impressos

BAENA, A. L. M. Compêndio das eras da província do Pará. Belém: Typographia de Santos & Santos Menor, 1838.

BAENA, A. L. M. [1833] Ensaio corográfico sobre a província do Pará. Brasília: Edições do Senado Federal, 2010.

BERREDO, B. P. de [1749]. Annaes historicos do Estado do Maranhão, em que se dá notícia do seu descobrimento, e tudo o mais que nelle tem succedido desde o anno em que foy descuberto até o de 1718. 2ª ed. São Luiz: Typographia Maranhense, 1849, t. I e t. II.

BETTENDORFF, J. F. [1698] Crônica da missão dos padres da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão. Brasília: Edições do Senado Federal, 2010.

BLUTEAU, R. Vocabulario portuguez & latino. Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesu, 1712-1720, vols. 2, 3, 4, 6 e 7.

FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. Anais da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro,1948, vol. 66.

HERIARTE, M. de [1662]. Descripção do Estado do Maranhão, Pará, Corupá e Rio das Amazonas. Vienna d’Áustria: Imprensa do filho de Carlos Gerold, 1874.

MARQUES, C. A. Diccionario histórico-geographico da provincia do Maranhão. São Luiz: Typographia do Frias, 1870.

Obras Gerais

AMARAL, J. R. do. Fundação de Belém do Pará: jornada de Francisco Caldeira de Castelo Branco, em 1615-1616. Brasília: Edições do Senado Federal, 2004.

ARAÚJO, H. A. F. F. A construção da governabilidade no Estado do Brasil: perfil social, dinâmicas políticas e redes governativas do governo-geral (1642-1682). Tese (Doutorado em História), Programa de Pós-graduação em História Social, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2018.

ARENZ, K. H.; MATOS, F. L. A. de. “Informação do Estado do Maranhão”: uma relação sobre a Amazônia portuguesa no fim do século XVII. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, vol. 463, 2014, p. 349-351.

BICALHO, M. F.; MONTEIRO, N. G. As instituições civis da monarquia portuguesa na Idade Moderna: centro e periferia do império. In: XAVIER, A. B.; PALOMO, F.; STUMPF, R. (Org.). Monarquias ibéricas em perspectiva comparada (sécs. XVI-XVIII): dinâmicas imperiais e circulação de modelos administrativos. Lisboa: ICS, 2018.

CAMARINHAS, N. As residências dos cargos de justiça letrada. In: STUMPF, R; CHATURVEDULA, N. (Org.). Cargos e ofícios nas monarquias ibéricas: provimento, controlo e venalidade (séculos XVII e XVIII). Lisboa: CHAM, 2012, p. 161-172.

CARDIM, P. “Administração” e “governo”: uma reflexão sobre o vocabulário do Antigo Regime. In: BICALHO, M. F.; FERLINI, V. L. A. (Org.). Modos de governar: ideias e práticas políticas no império português (séculos XVI a XIX). São Paulo: Alameda, 2005.

CARDOSO, A. C. Maranhão na monarquia hispânica: intercâmbios, guerra e navegação nas fronteiras das Índias de Castela (1580-1655). Tese (Doutorado), Facultad de Geografía e Historia, Departamento de Historia Medieval, Moderna, Contemporánea y de América, Universidad de Salamanca 2012.

CHAMBOULEYRON, R. Povoamento, ocupação e agricultura na Amazônia colonial (1640-1706). Belém: Ed. Açaí; PPGH/UFPA; Centro de Memória da Amazônia (UFPA), 2010.

CHAMBOULEYRON, R. “As várias utilidades do Maranhão”. Reflexões sobre o desenvolvimento da Amazônia no século XVII. In: NEVES, F. A. de F.; LIMA, M. R. P. (Org.). Faces da história da Amazônia. Belém: Paka-Tatu, 2006.

CHAMBOULEYRON, R.; NEVES NETO, R. M. das. Os jesuítas e o “aumento e conservação” do Estado do Maranhão e Pará (século XVII). Clio - Série Revista de Pesquisa Histórica - N. 27-1, 2009, p. 76-104.

CORRÊA, H. M. M. “Para aumento da conquista e bom governo dos moradores”: o papel da Câmara de São Luís na conquista, defesa e organização do território do Maranhão (1615-1668). Tese (Doutorado em História), Programa de Pós-graduação em História Social, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2011.

COSENTINO, F. C. Governadores Gerais do Estado do Brasil (séculos XVI-XVII): ofício, regimentos, governação e trajetórias. São Paulo: Annablume/Fapemig, 2009.

COSTA, F. D. Insubmissão. Aversão ao serviço militar no Portugal do século XVIII. Lisboa: ICS, 2010.

CURVELO, A. A. S. de C. O Senado da Câmara de Alagoas do Sul: governança e poder local no Sul de Pernambuco (1654-1751). Dissertação (Mestrado em História), Programa de Pós-graduação em História, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2014.

CRUZ, E. História de Belém. Belém: Universidade Federal do Pará, 1973, vol. I.

HESPANHA, A. M. Como os juristas viam o mundo, 1550-1750. Direitos, estados, pessoas, coisas, contratos, ações e crimes. Lisboa: Create Space Independent Publishing Platform, 2015.

HESPANHA, A. M. As vésperas do Leviathan. Instituições e poder político, Portugal – séc. XVII. Coimbra: Livraria Almedina, 1994.

MARQUES, G. Entre deux empires: le Maranhão dans l’Union Ibérique (1614-1641). Nuevo Mundo Mundos Nuevos. Débats, 2010, p. 6. Disponível em: <http://journals.openedition.org/nuevomundo/59333>. Acesso em: jan. 2021.

PELEGRINO, A. de C. Donatários e poderes locais no Maranhão seiscentista (1621-1701). Dissertação (Mestrado em História), Programa de Pós-graduação em História Social, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2015.

PEREIRA, C. A. L. A Capitania-mor do Mar da Índia (1502-1564). Dissertação (Mestrado), Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2016.

ROCHA, R. A. A elite militar no Estado do Maranhão: poder, hierarquia e comunidades indígenas (século XVII). Tese (Doutorado em História), Programa de Pós-graduação em História Social, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2013.

RODRIGUES, J. D. Em busca da consolidação (c.1650-c.1700). In: COSTA, J. P. O.; RODRIGUES, J. D.; OLIVEIRA, P. A. (Coord.). História da expansão e do império português. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2014, p. 205-234.

RODRIGUES, J. D. O poder municipal do Antigo Regime ao Liberalismo: da autonomia jurisdicional às Juntas Gerais. Actas do Congresso 1º Centenário da Autonomia dos Açores. Ponta Delgada, 1995, vol. 1, p. 103-126.

SANTOS, F. V. dos. Entre São Luís e Belém: um estudo da dinâmica de governo no Estado do Maranhão e Grão-Pará (1673-1751). In: BORGES, E. J. S.; FLEXOR, M. H. O.; SEVERS, S. M. de S. S. (Org.). Poderes, identidades e sociedade na América portuguesa (séculos XVI-XVIII). São Paulo: Alameda, 2017, p. 163-188.

SANTOS PÉREZ, J. M. Visita, residência, venalidade. As “práticas castelhanas” no Brasil de Filipe III. In: MEGIANI, A. P. T.; SILVA, K. V.; SANTOS PÉREZ, J. M. (Eds.) O Brasil na monarquia hispânica (1580-1668): novas interpretações. São Paulo: Humanitas, 2016, p. 23-37.

SARAGOÇA, L. Da “Feliz Lusitânia” aos confins da Amazônia (1615-1662). Lisboa: Edições Cosmos; Câmara Municipal de Santarém, 2000.

SOUZA, M. L. de. “Território” da divergência (e da confusão). Em torno das imprecisas fronteiras de um conceito fundamental. In: SAQUET, M. A.; SPOSITO, E. S. (Org.). Territórios e territorialidades: teorias, processos e conflitos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Consequência, 2015, p. 53-68.

VARNHAGEN, F. A. de. História Geral do Brazil. Rio de Janeiro: E. H. Laemmert, 1857, t. II.

Downloads

Publicado

24-08-2021

Como Citar

VILAÇA DOS SANTOS, Fabiano. A ira do capitão-mor: Marçal Nunes da Costa e o governo do Pará no século XVII. Revista Ágora, [S. l.], v. 32, n. 2, p. e-2021320202, 2021. DOI: 10.47456/e-2021320202. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/agora/article/view/35588. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

Os Governos do Império: Vice-reis, governadores e capitães-mores no mundo portug